Polícia indicia suspeito de usar explosivo que feriu cinegrafista da Bandeirantes

Tatuador afirma desconhecer dono do rojão; jovem tem registro de atos violentos em outras manifestações;

PUBLICIDADE

Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - A Polícia Civil abriu inquérito e indiciou o tatuador Fábio Raposo, de 22 anos, por suspeita de tentativa de crime de homicídio, qualificado por uso de explosivo, e crime de explosão no episódio que feriu o cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da Rede Bandeirantes.

PUBLICIDADE

Raposo se apresentou à Polícia Civil do Rio na madrugada deste sábado, 8, e contou ser ele a pessoa que aparece nas imagens entregado o rojão ao homem que atirou o artefato. O tatuador disse desconhecer o atirador do rojão, mas a polícia não se convenceu com a declaração. Se consumados os crimes, o jovem pode pegar até 35 anos de prisão.

"A versão do senhor Fábio é no mínimo fantasiosa. Ele está tentando se justificar pelo injustificável", disse o delegado da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) Fábio Pacífico, que colheu depoimento, em entrevista ao RJTV, da TV Globo. O delegado titular da 17ª DP, Maurício Luciano, disse acreditar que Raposo se apresentou à polícia se antecipando a uma possível identificação, já que suas tatuagens aparecem nas imagens.

Raposo tem histórico de registro em atos violentos em manifestações nas 5ª e 14ª delegacias de polícia do Rio de Janeiro por danos ao patrimônio público, ameaça e formação de quadrilha. No caso de os dois crimes se qualificarem como tentativa, as penas seriam reduzidas entre um terço à metade, disse Luciano. O fato de o jovem não ter tido intenção de ferir o cinegrafista não ameniza participação no evento, completou.

Se condenado, Raposo poderia ter ainda as penas reduzidas se colaborar com as investigações, dentro do artifício da delação premiada. No entanto, o delegado diz que, no momento, o jovem não teria direito à delação premiada já que nega participação no crime. "Pode ser que ele mude de ideia", afirmou.

Investigação. A polícia tentará resgatar a página de Raposo nas redes sociais e averiguar seus contatos na intenção de identificar o atirador do rojão. Ao delegado Maurício Luciano, Raposo contou que estava no protesto quando viu uma pessoa derrubar um artefato no chão. Ele pegou o rojão e ficou com o artefato por alguns minutos, até que um rapaz de camiseta cinza, que Raposo diz desconhecer, lhe pediu o rojão. O tatuador entregou o artefato, que foi aceso pelo suposto desconhecido.

O advogado Jonas Tadeu Nunes esteve na 16.ª DP com Raposo. Após prestar depoimento, o tatuador foi liberado. A polícia analisa se vai pedir sua prisão preventiva. "As imagens deixam claro que ele estava junto com o principal suspeito de ter acendido o rojão, os dois estavam agindo em conjunto", disse o delegado.

Publicidade

Embora negue ter levado o rojão ao protesto ou ter aceso o artefato, Raposo será indiciado, segundo o delegado, pelos mesmos crimes que serão atribuídos à pessoa que acendeu o rojão."Era eu passando o artefato sim para o outro indivíduo, mas o artefato não era meu. (...) No corre-corre, vi um rapaz correndo que deixou uma bomba cair. Não sei o que era, era um negócio preto. Eu peguei e fiquei com ela na mão. Esse outro cara veio e falou pra mim: 'Pô, passa aí pra mim que eu vou e jogo'. Aí eu peguei e passei pra ele. Não fui eu, eu não tive a intenção de machucar ninguém e só estou vindo aqui porque estou assustado demais", afirmou Raposo à TV Globonews.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, o cinegrafista atingido continua em coma induzido, internado em estado gravíssimo, mas estável, no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro carioca. Uma tomografia feita na manhça dessa sexta-feira, 7, mostrou que a hemorragia no cérebro foi contida.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.