Polícia investiga namorado e filha de casal assassinado

A polícia tomou depoimentos e encontrou contradições, além de detalhes suspeitos: os bandidos não arrombaram nenhuma porta nem usaram revólver, apesar de haver ali uma arma da própria vítima

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Por Agencia Estado
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A polícia está investigando o relacionamento de Suzane Louise von Richthofen, de 18 anos, com Daniel Cravinhos de Paula e Silva, de 21. Os pais dela, o diretor de Engenharia da Empresa de Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Manfred Albert von Richthofen, de 49 anos, e a psiquiatra Marisia von Richthofen, de 50, foram assassinados em casa na noite desta quinta-feira. O namoro de Suzane e Daniel não tinha a aprovação dos pais dela. O assassinato de Manfred - que era sobrinho-neto do lendário Barão Vermelho - e de Marisia é um crime cercado de mistério. Eles foram encontrados mortos em sua luxuosa casa, na Rua Zacarias de Góis, 232, Campo Belo, zona sul de São Paulo. Rostos cobertos Os corpos estavam na cama, com os rostos cobertos. As vítimas foram mortas com pancadas na cabeça. Naquela noite, Suzane saíra com Daniel e o irmão, Andreas Albert, de 15 anos, que foi deixado num bar tipo cyber-café. Ela e o namorado seguiram para o Motel Colonial, na Avenida Ricardo Jafet. Suzane pagou a conta com cartão de débito e depois foi com o namorado buscar Andreas. Ao chegarem em casa, por volta das 4 horas, os irmãos encontraram as luzes acesas e a biblioteca revirada. Ela ligou para o namorado, que aconselhou que ela ligasse para a polícia e ficasse do lado de fora da casa. Segundo os filhos, os bandidos levaram uma caixa com R$ 8 mil e US$ 5 mil. Pressão A polícia já sabe que a filha do casal morto namorava Daniel havia cerca de seis meses. Segundo amigos da família, Manfred e Marisia não aprovavam o relacionamento que, por pressão maior da mãe, chegou a ser rompido uma vez. Daniel não tem emprego e afirma que vende aeromodelos. Os corpos dos dois foram enterrados na manhã desta sexta, no Cemitério Redentor, na Avenida Doutor Arnaldo, região central da cidade. A cerimônia foi reservada e ninguém da família quis falar com os jornalistas. Suzane, faixa-preta de caratê e aluna do 1º ano de Direito na Pontifícia Universidade Católica (PUC), está na casa do namorado. Já Andreas ficou com o tio Helmuth Richthofen, de 83 anos, único parente da família no Brasil. Depoimentos O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo caso, já tomou os depoimentos de Suzane, Andreas, Daniel e de dois ex-empregados da casa. A polícia encontrou contradições nas declarações. Também está sendo investigada a informação de que uma ex-empregada que havia sido demitida pelo casal ligava constantemente para pedir o emprego de volta. A perícia realizada na casa e nos corpos só deve ser concluída daqui a um mês. Manfred tinha o rosto coberto por uma toalha e Marisia por um saco plástico. Peritos disseram que a psiquiatra tinha ainda uma toalha na boca e que o estado de sua língua revela que a vítima gritou muito antes de morrer. Detalhes suspeitos A rigidez cadavérica dos corpos - encontrados por volta das 4 horas - leva à conclusão de que o crime ocorreu antes da meia-noite de quinta-feira. Uma série de detalhes suspeitos intrigam a polícia. Os bandidos não arrombaram nenhuma porta. Apesar de terem acesso ao revólver calibre 38 da Manfred, encontrado no chão do quarto, os assassinos preferiram matar as vítimas a pauladas. Ainda segundo a perícia, a cama de Andreas tinha dois travesseiros cobertos, como se quisesse simular que alguém dormia ali. O casal também não foi assassinado na cama. Seria impossível bater no topo da cabeça com tanta violência em pessoas deitadas. A mancha de sangue encontrada na parede indica que as vítimas devem ter sido postas de joelhos antes de serem atingidas.

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