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Polícia mata 5 em Vigário Geral

Moradores da favela denunciaram traficantes invasores

Por Pedro Dantas
Atualização:

Cinco homens foram mortos ontem em uma operação envolvendo 150 policiais civis na Favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio. O chefe da Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, afirmou que todos morreram em confrontos com os agentes. O único corpo identificado até as 20 horas era o de Jefferson Soares de Araújo, de 17 anos. Nove homens foram detidos, dos quais dois menores. Foram apreendidos um fuzil, oito pistolas, seis granadas e pequena quantidade de maconha e cocaína. O pior confronto ocorreu em uma casa ocupada por traficantes na Rua José Paulino. Por volta das 9h15, quatro homens armados foram cercados no local e reagiram a tiros. Todos chegaram mortos ao hospital. O quinto homem morreu ao enfrentar os agentes na divisa entre as Favelas de Vigário Geral e Parada de Lucas. A Secretaria de Saúde do Estado informou que Luciana dos Anjos Pereira, de 18 anos, foi internada no Hospital Getúlio Vargas após ser atingida por estilhaços de um explosivo na perna. Ela não corre risco de vida. Os policiais entraram na favela por volta das 8h30. Eles tinham uma lista de 20 endereços residenciais e comerciais que seriam esconderijos de drogas e armas. Cinco denúncias foram confirmadas. Entre os presos, Orozimbo Dias Pereira Filho, o Smith, de 51 anos, chamou a atenção ao ser apresentado à imprensa, quando disse que ''''com uma rajada mataria todo mundo''''. Outro criminoso detido foi Diogo Alberto dos Santos, o Ás, de 24, apontado como um dos principais traficantes de Vigário Geral. Ele alega inocência. Ao contrário da maiorias das operações, a ação de ontem foi facilitada por várias denúncias de moradores. O motivo é a antipatia deles pelos traficantes do Terceiro Comando Puro de Parada de Lucas, que invadiram Vigário Geral em junho, tomaram os pontos-de-venda de drogas do Comando Vermelho e expulsaram vários moradores e parentes dos traficantes rivais. ''''Eles estão revoltados com os bandidos. Encontramos muitas casas vazias, de pessoas que foram expulsas. Isso facilita o trabalho da polícia. Quanto mais fragmentado (os traficantes) estiverem, melhor'''', disse um delegado. Nenhum representante da associação de moradores da favela foi encontrado. O coordenador do Grupo Cultural Afroreggae, José Júnior, disse que estava em São Paulo e não comentaria a ação. Não é a primeira vez que traficantes de Paradas de Lucas tomam o controle de Vigário Geral. Em 2004, cerca de 100 moradores foram expulsos e se abrigaram em uma creche na Favela do Dique, no Jardim América (zona norte).

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