Polícia Militar entra em presídio de Natal; rebelião já dura 13h

Na manhã deste domingo, 15, há detentos em cima dos telhados e ainda é possível ouvir gritos e disparos de arma de fogo

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Por Redação
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NATAL - Passadas mais de doze horas do início da rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz e no Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, na região metropolitana de Natal, os presos continuam soltos em cinco pavilhões e ainda não há atualização em relação ao número de mortos, feridos ou foragidos. Há detentos em cima dos telhados e ainda é possível ouvir gritos e disparos de arma de fogo. Pelo menos um pavilhão, que abrigava cerca de 250 homens, foi totalmente destruído.

Rebelião em maior presídio de Natal já dura 13h Foto: Ricardo Araujo

De acordo com informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed/RN), há 10 mortos espalhados pelos pavilhões rebelados. Alguns deles, decaptados. Agentes penitenciários e policiais que atuam na unidade prisional, afirmaram que o número de mortos é muito maior. O Governo do Estado, porém, ainda não atualizou os dados.  Para tentar conter a rebelião, homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar chegaram à unidade prisional no início deste domingo. A entrada deles nos pavilhões teve início por volta das 7h. O helicóptero da Sesed pousou no pátio externo da casa carcerária e deverá reforçar as ações de contenção dos rebelados. Cerca de 40 homens da Força Nacional reforçam a guarda externa da penitenciária  para evitar fugas. 

A rebelião é fruto de uma disputa entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Sindicato do Crime RN, faccção aliada à Família do Norte (FDN) e ao Comando Vermelho (CV) Foto: Ricardo Araujo

A guerra entre facções - Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do RN - motivou a rebelião. Presos do Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, considerado de segurança máxima, escaparam das celas e pularam o muro. Depois eles cercaram o Pavilhão 3 e forçaram os presos que não pertencem a nenhuma das facções rebeladas a ajudá-los na invasão de outro Pavilhão.  Em seguida, eles cercaram o Pavilhão 4 e renderam os presos, que integram o Sindicato do RN. A partir daí, foi iniciado o confronto. Além das mortes, filmadas e distribuídas em grupos de Whatsapp pelos próprios detentos, eles destruíram a estrutura física das celas. Além disso, atearam fogo em colchões e atiraram pedras contra agentes penitenciários e policiais militares que estão nas guaritas.

Familiares de presos emAlcaçuz, na região metropolitana de Natal, aguardam notícias Foto: Ricardo Araujo

Familirares Do lado de fora, familiares aflitos aguardam notícias e clamam pela entrada da Polícia Militar nos pavilhões para a retomada do controle da maior unidade prisional do Rio Grande do Norte. A Penitenciaria Estadual de Alcaçuz tem capacidade para 620 homens, mas abriga cerca de 1.150. Construída numa região de dunas, cujo acesso é feito por estrada de barro, é cenário constante de rebeliões e mortes de presos. "Eu fui uma das últimas a sair da visita ontem (sábado). Era dia de visita nos pavilhões 1 e 4. Estava tudo tranquilo. Foi a gente sair, que começou isso. Não tenho notícia do meu marido. Ninguém passa informação e ninguém dos Direitos Humanos veio nos ajudar", relatou Natalia Melo, de 30 anos, mulher de um dos presos do Pavilhão 4. Antônio Neto, de 30 anos, cumpre pena por tráfico de drogas e homicídio. Apesar das trocas de mensagens e telefonemas com os presos, Natália Melo não sabe se o marido está vivo.  A aflição das mulheres é ainda maior pois os homens do BPChoque e Bope entraram na unidade para retomar o controle da rebelião. Elas temem que mais mortes ocorram. "Estou desesperada. Meu filho está machucado. Levou uma pedrada na cabeça, mas conseguiu fugir do pavilhão onde começou a rebelião. Tenho medo dele morrer. Ele fez 20 anos de idade há poucos dias, dentro dessa penitenciária" , lamentou Cristiane da Silva, mãe de Josimar da Silva Firmino, preso por tráfico de drogas.

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