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Polícia não descarta participação de quarta pessoa na morte de Bernardo

Delegada volta a afirmar que tem convicção de que o pai está envolvido no crime, mas, alegando segredo de Justiça, não dá detalhes

Por Elder Ogliari
Atualização:

Atualizada às 20h37

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  PORTO ALEGRE - A delegada de Três Passos (RS), Caroline Bamberg Machado, disse nesta terça-feira, 22, que uma quarta pessoa pode ter participado do assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos. O pai, a madrasta e uma amiga dela estão presos, acusados do crime. "Enquanto não soubermos o que realmente aconteceu, não descarto nenhuma possibilidade", afirmou a delegada.

A policial também voltou a manifestar convicção de que o pai tem algum tipo de envolvimento com o crime, mas, alegando que a investigação corre em segredo de Justiça, não deu detalhes de qual seria a participação dele nem do possível quarto envolvido. "Por enquanto, faltam alguns elementos a serem levantados."

As informações já tornadas públicas pela polícia indicam que o menino viajou com a madrasta, Graciele Ugulini, de 32 anos, de Três Passos, onde a família mora, à casa de uma amiga dela, a assistente social Edelvânia Wirganovicz, de 40, em Frederico Westphalen, no último dia 4. De lá, as duas mulheres saíram com o garoto e voltaram sozinhas, segundo mostrou uma câmera de vigilância.

O corpo de Bernardo foi encontrado enterrado em um matagal na zona rural do município, no dia 14. No mesmo dia, as duas mulheres e o pai do menino, o médico Leandro Boldrini, de 38 anos, foram presos.

A investigação espera laudos para saber se Bernardo foi morto por substâncias injetadas nele ou se foi enterrado vivo. Também procura saber se o pai ajudou a planejar ou a acobertar o crime e se outras pessoas participaram de alguma etapa do plano ou de eventual transporte do corpo e da abertura da cova. E busca, ainda, a motivação de cada um dos envolvidos. Entre as hipóteses em apuração estão a busca de eventuais vantagens na partilha de bens adquiridos pelo médico e pela mãe de Bernardo quando eram casados e ciúme da madrasta, que tem uma filha de 1 ano e meio com o médico.

O advogado de Boldrini, Jáder Marques, disse nesta terça-feira que o médico abriu mão de todos os sigilos possíveis e autorizou os investigadores a entrar na casa dele a qualquer hora.

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Homenagem. Dois vídeos divulgados na internet ontem mostram Bernardo participando de homenagens ao pai e à madrasta em atividades escolares. Em uma delas, no Dia das Mães de 2011, ele segura um cartaz com o nome "Keli", apelido de Graciele, ao lado de um coração. No Dia dos Pais do ano passado, o garoto declara, ao lado de colegas: "Pais, obrigado por acompanhar todos os nossos passos, por estarem sempre presentes quando nós precisamos". A investigação policial vem mostrando que o médico e a enfermeira tratavam o garoto com descaso.

Bernardo foi enterrado no Cemitério Ecumênico de Santa Maria na quarta-feira passada, 16, ao lado da mãe, Odilaine, que morreu em 2010. O inquérito concluiu que ela se matou na clínica do marido, em Três Passos. A família de Odilaine já manifestou o desejo de ver a investigação reaberta.

A mãe de Odilaine, Jussara Uglione, de 73 anos, passou mal na madrugada de anteontem e está internada no Hospital de Caridade de Santa Maria. O quadro dela era estável nesta terça.

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