Polícia põe 47 mil homens nas ruas do Rio de Janeiro

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Por Agencia Estado
Atualização:

Autoridades do Rio de Janeiro anunciaram, nesta segunda-feira, que colocaram 47 mil policias nas ruas do Rio de Janeiro para garantir a segurança da população contra uma onda de boatos promovida supostamente por traficantes. Lojas, bancos, escolas, universidades e até empresas de ônibus permaneceram fechados nesta segunda por ordem de traficantes, num prejuízo estimado de R$ 120 milhões, segundo cálculos de entidades empresariais. A polícia está investigando a origem da onda de "boatos" que tomou conta da cidade, mas adianta que pode ser uma represália de traficantes à prisão de líderes das quadrilhas nas últimas semanas. Durante todo o dia, pelo menos nove homens, dois deles menores de idade, foram presos quando ameaçavam e exigiam que os comerciantes fechassem suas portas. A governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, chegou a insinuar que a onda de boatos seria uma "armação" de seus adversários políticos para prejudicar sua candidatura, na reta final das eleições, marcadas para o próximo domingo. "Os boatos trazem um clima de apreensão e de medo para a população, mas o Estado está garantindo a segurança. Não recuaremos, continuaremos a combater o tráfico de drogas", afirmou Benedita, em entrevista coletiva, após reunião com autoridades da área de segurança. "Quando se inviabiliza o processo democrático não se atinge apenas o candidato A ou B, mas a própria democracia", completou a governadora. Em todas as regiões da cidade, sobretudo na zona sul do Rio de Janeiro, que inclui bairros como Ipanema, Leblon, Copacabana e Leme, considerados bairros mais seguros, o comércio permaneceu fechado durante todo o dia. Na zona sul, uma das maiores universidades do Rio de Janeiro fechou suas portas, dispensando cerca de 5 mil estudantes, depois que uma bomba de fabricação caseira explodiu em seus jardins. Nem mesmo os ambulantes que trabalham no centro da cidade do Rio de Janeiro montaram suas barracas nesta segunda, temendo as ameaças dos traficantes. A mesma cena se repetiu em cidades vizinhas ao Rio de Janeiro, como Niterói e principalmente na região da Baixada Fluminense, subúrbios mais pobres do Estado. Uma das hipóteses da polícia é de que a ação desta segunda seria uma represália dos bandidos contra a prisão de seus líderes, nas últimas semanas, entre eles Elias Maluco. Acusado de comandar o assassinato do jornalista da TV Globo, Tim Lopes, em junho, o traficante era um dos mais procurados do Estado e líder de uma das principais facções criminosas do Rio de Janeiro - o Comando Vermelho. Em outra ação, a polícia isolou um outro chefe do crime organizado - Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar - numa cela de segurança máxima, o que teria causado a reação das quadrilhas. Traficantes de drogas controlam grande parte das cerca de 700 favelas do Rio de Janeiro, onde residem aproximadamente 1 milhão de pessoas. Quadrilhas rivais brigam pelo controle do tráfico, que apenas na maior favela da cidade - a Rocinha - movimenta cerca de R$ 10 milhões por semana. Só neste ano, a violência já fez 1.895 vítimas em todo o Rio de Janeiro, segundo dados oficiais das autoridades da área de Segurança.

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