Polícia prende cinco suspeitos de ataque a UPP no Complexo de Manguinhos

Foi após essa ação que o governador Sérgio Cabral (PMDB) foi à Brasília pedir à presidente Dilma Rousseff (PT) que autorizasse o emprego do Exército no Complexo da Maré

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Por Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - A Polícia Civil do Rio prendeu, na manhã desta terça-feira, cinco homens acusados de participar do ataque à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Mandela/Arará, no complexo de Manguinhos, na zona norte do Rio, na noite de 20 de março.

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Na ocasião, o comandante da UPP de Manguinhos , capitão Gabriel Toledo, foi atingido por um tiro na virilha. Após esse ataque (e em decorrência dele), o governador Sérgio Cabral (PMDB) foi a Brasília pedir à presidente Dilma Rousseff que autorizasse o emprego do Exército para a ocupação do complexo da Maré, também na zona norte.

A confusão em Manguinhos começou por volta das 17h30 do dia 20, quando cerca de 200 pessoas invadiram um prédio público abandonado na região com o suposto objetivo de reivindicar moradias.

Segundo o delegado Delmir Gouvêa, da 20ª DP (Bonsucesso), a invasão do prédio foi um pretexto para atrair os PMs da UPP Mandela para o local e deixar a base desguarnecida. "Foi uma ação orquestrada. Ao saírem do prédio, os invasores cercaram os PMs e os atacaram com paus, pedras e tiros. Enquanto isso, outro grupo incendiou cinco contêineres e duas viaturas da UPP. Os invasores eram quase todos homens jovens, o que foge totalmente do perfil das pessoas sem-teto, que normalmente inclui mulheres e crianças", afirmou o delegado.

A Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias de 12 suspeitos. Eles são acusados de nove crimes: tráfico, associação para o tráfico, associação criminosa, dano ao patrimônio público, disparo de arma de fogo, incêndio, explosão, roubo e esbulho (invasão de propriedade).

Foram presos Leonardo Pitzer de Souza Reis, Renato Cipriano Silva Gomes, Cristiano dos Santos Gregório, Rodrigo de Souza Freires e Johni do Espírito Santo Pereira. Os dois últimos possuem antecedentes por roubo e tráfico.

Outros dois suspeitos, Rodolfo Silva Melo do Nascimento - o Pirata - e Claudevan Alves dos Santos - o Carioca -, permanecem foragidos e também responderão por tentativa de homicídio, pois são acusados de atirar contra o comandante da UPP.

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Três acusados de chefiar o tráfico no complexo de Manguinhos, onde atua a facção criminosa Comando Vermelho, também continuam foragidos. Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, José Benemário Araújo e André Luiz Cabral dos Santos, o Lacraia.

Comando Vermelho

Conforme o Estado noticiou nesta segunda-feira, 31, a polícia já sabe que Marcelo Piloto e outras lideranças do Comando Vermelho fugiram para o Paraguai antes da ocupação do complexo da Maré pela Polícia Militar, no último domingo.

"Em comunidades onde o tráfico atua, ninguém faz manifestação sem a concordância ou o consentimento dos chefes. Os três não participaram diretamente da ação, mas permitiram que ela ocorresse", disse Gouvêa.

O delegado classificou como boato a versão de que o tiroteio em Manguinhos teve participação de traficantes do Comando Vermelho que teriam saído da Vila Kennedy (zona oeste) para se juntar a comparsas em Manguinhos a fim de invadir o morro dos Macacos, em Vila Isabel (zona norte), onde atua a facção rival Amigos dos Amigos (ADA).

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