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Polícia recolhe menores de rua das praias do Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Militar está recolhendo menores de rua que se concentram nas areias e no calçadão da Praia de Copabacabana, onde cheiram cola e solvente e praticam roubos e furtos, tendo como vítimas moradores e turistas. O comandante do batalhão do bairro, coronel Dario Cony, reclama que as autoridades que deveriam zelar pelas crianças e adolescentes carentes não o fazem e resolveu encaminhá-los para abrigos por conta própria. Nesta quarta-feira, um grupo de 20 menores que costuma dormir e passar o dia na praia, na altura do Posto 3, foi levado num ônibus da PM para um abrigo da prefeitura no Alto da Boa Vista, na zona norte do Rio. Segundo o coronel Cony, alguns deles estavam sob efeito de drogas, o que os torna agressivos. Um adolescente resistiu, conseguiu tirar um bebê dos braços de um policial e fugiu com ele. Ações como a desta quarta devem continuar, mas não são solução para o problema, lamentou o comandante. ?Recolher não é função da PM, mas está me incomodando. Eles estão em alto risco social. Para mim, não são marginais, são excluídos, vítimas da sociedade. Tenho muita pena?, disse Cony. Ele afirmou que decidiu retirar os menores porque recebeu telefonemas de moradores reclamando da presença das crianças e adolescentes na areia e no calçadão. Os turistas costumam ser vítimas dos menores, segundo a delegada Elizabeth Cayres, da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat). O último caso registrado foi no dia 24 de janeiro. Onze garotos entre 10 e 15 anos cercaram o turista americano Jason Richard Gallicchio, de 24 anos, e o israelense Galit Franco, de 27, na Avenida Atlântica, e roubaram uma câmera fotográfica, dinheiro e documentos. Ninguém foi preso. Elizabeth Cayres disse que nenhum grupo de menores foi identificado. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, que dispõe de 33 abrigos para crianças e adolescentes, enviou nota informando que ?entende que, para se reverter a situação de permanência de crianças e adolescentes nas ruas, é fundamental que haja o esforço de diversos órgãos competentes simultaneamente, além da própria sociedade, evitando a prática da mendicância.? A secretaria calcula que 1,2 mil menores estejam nas ruas do Rio. O juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude, Siro Darlan, informou que já ajuizou 60 ações contra a Prefeitura do Rio, com o objetivo de cobrar ações que retirem os jovens das ruas. No entanto, o município alegou interferência do Poder Judiciário no Executivo. Para Darlan, o problema maior é a falta de abrigos. ?Não adianta recolher, porque não há lugar para abrigar as crianças. O município tem de cumprir seu dever de proteger os menores.?

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