Polícia revista clínica de médico que esquartejou amante

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Por Agencia Estado
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O médico Farah Jorge Farah, de 53 anos, que confessou ter assassinado a ex-amante Maria do Carmo Alves, de 46 anos, levou mais de dez horas para dissecar o corpo. "A maneira como as incisões foram feitas permitiu que o corpo perdesse cerca de 60% do peso, o que facilitaria a sua remoção", disse o diretor do Instituto Médico-Legal, José Jorge Jarjura Júnior. Jarjura e o delegado Ítalo Miranda Júnior, que preside as investigações, estiveram nesta quarta-feira à tarde na clínica da Rua Alfredo Pujol. Durante duas horas fizeram uma verdadeira varredura em busca do bisturi usado no crime. A polícia apreendeu na clínica três bisturis, nove tesouras, ferros cirúrgicos, martelo cirúrgico, três gravadores, remédio derivado de morfina, uma caixa de silicone, fitas cassete. Jarjura encontrou na banheira, onde o corpo de Maria do Carmo teria sido dissecado, um tecido "aparentemente humano". A polícia investiga para saber se Farah teve ajuda no crime. Um médico do IML que participou do exame do corpo de Maria do Carmo para o laudo necroscópico informou que o primeiro corte aplicado pelo assassino começou abaixo do pescoço e foi até o púbis. Os órgãos foram retirados e os demais cortes foram feitos nas junções dos ossos. As falanges foram cortadas e a pele do corpo e parte do rosto retirada. Nesta quarta, Farah foi visitado pelo pastor Dirceu Rossi da Igreja Adventista do 7º Dia, de Moema, na carceragem do 13º Distrito Policial, na Casa Verde, durante 30 minutos. "Ele chora, está apático, sem noção, e reza muito", disse Rossi. O pastor informou que o médico freqüentava a igreja sozinho e jamais viu Maria do Carmo nos cultos. A polícia vai ouvir Alfredo Farah, irmão do médico. Nesta quarta foi ouvida a ex-secretária da clínica Rosangela Rosa da Silva, que trabalhou até o meio do ano passado. Ela declarou que conhecia Maria do Carmo como paciente e não como namorada de Farah. Nesta quarta, o IML fez uma nova identificação do corpo de Maria do Carmo pela arcada dentária e vai liberá-lo para o enterro. O crime será reconstituído até o fim desta semana. O inquérito será entregue à Justiça na terça-feira. Farah respondeu no Conselho Regional de Medicina (CRM) a acusações de negligência, imperícia médica e resultado insatisfatório em 1993, 94, 97 e 99. Os processos foram arquivados. Nesta terça-feira, o conselho suspendeu Farah do exercício profissional e instaurou processo para verificar sua incapacidade no trabalho. Ele será examinado por uma junta médica com três psiquiatras.

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