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Polícia vai enxugar Divisão Anti-Seqüestro

Por Agencia Estado
Atualização:

A eleição passou, o número de seqüestros em São Paulo caiu e agora a polícia decidiu enxugar a Divisão Anti-Seqüestro (DAS). Mais de um quarto dos policiais e os oito carros que fazem rondas 24 horas serão transferidos para o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra). Serviços de patrulha em locais com maior ocorrência de seqüestros, checagem de denúncias anônimas e apoio em operações de estouro de cativeiro ficarão prejudicados. A decisão foi tomada pelo diretor do Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt Filho, a quem a DAS é subordinada. A idéia é ampliar o Garra, formado atualmente por cerca de 300 policiais. O delegado nega que o combate aos seqüestros fique prejudicado. O Garra - envolvido em denúncias de corrupção no ano passado pelo suposto uso de carros da polícia em serviços de segurança para empresas - daria apoio à DAS quando necessário e, ao mesmo tempo, para todo o Deic, formado pelas Divisões de Crimes Contra o Patrimônio, de Investigações sobre Furtos e Roubos de Veículos e Cargas e de Investigações Gerais. A DAS foi criada em setembro de 2001, antes era uma simples delegacia especializada. A divisão recebeu então 30 homens a mais e os oito carros para as rondas, que tiveram início em outubro daquele ano. Alguns desses veículos vieram da Divisão de Aeroportos e Proteção ao Turista (Deatur). O investimento no combate aos seqüestros - amplamente divulgado nas propagandas do governo do Estado - foi completado com armamento e equipamentos de comunicação, que também devem ir embora. Em outubro de 2001, segundo estatísticas da Polícia Civil, 43 casos de seqüestro estavam em andamento na capital. A partir daí, teve início uma queda nos números. Em dezembro do ano passado, foram apenas quatro e, atualmente, apenas um seqüestro está em andamento na capital e outro no interior. A DAS funcionou durante esse tempo com cerca de 80 policiais (delegados, investigadores e escrivães), responsáveis pela investigação e pelo acompanhamento dos casos de seqüestro. Os outros 30 são responsáveis pelo trabalho de rua e de apoio às investigações. Os oito carros fazem rondas preventivas em locais onde ocorrem maior número de seqüestros. Checam ainda denúncias anônimas que chegam e participam de operações de estouro de cativeiros. Parte desses policiais que serão transferidos receberam treinamento específico para casos de seqüestro, incluindo táticas para invasão de cativeiros - operação considerada de extremo perigo no combate a esse tipo de crime. A transferência dos policiais foi comunicada a integrantes do Garra e já foi providenciada até a retirada da sigla DAS da traseira dos carros que fazem a ronda. O diretor do Deic nega que esteja ocorrendo um desmantelamento da DAS. Segundo ele, os policiais que faziam rondas para a divisão continuarão no combate aos seqüestros. "O que eu quero é que os policiais combatam também os roubos, principalmente em fevereiro com a volta às aulas", disse Bittencourt Filho. "Não posso permitir uma ronda só da DAS com o número baixo de seqüestros." O delegado afirmou que a decisão tem como objetivo direcionar o combate ao crime para onde ele acontece. "Não tem nada com eleição e nem que baixou o número de seqüestros e tudo bem", disse. "Quero evitar que sejamos criticados depois porque mantivemos uma ronda que não prende ninguém." Segundo ele, caso o número de seqüestros volte a aumentar, a ronda poderá retornar exclusivamente para a DAS. O diretor do Deic explicou ainda que a retirada da sigla DAS da traseira dos veículos faz parte de um processo de padronização. "Todas as viaturas, tanto as do Garra quanto as da DAS, vão ter a sigla do Deic." As mudanças serão colocadas em prática em breve. "Assim que pintarmos os veículos."

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