Policiais baianos podem fazer greve no carnaval

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Por Agencia Estado
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As ameaças de uma greve ampla da polícia baiana nos próximos dias continuam sendo feitas por lideranças do movimento dos policiais civis e militares que lutam por um piso salarial de R$ 1,2 mil. O presidente do Sindicato da Polícia Civil (Sindpoc) Crispiniano Daltro disse nesta quinta-feira que uma paralisação pode mesmo ocorrer no carnaval. "Isso vai depender do governo estadual abrir ou não diálogo com os policiais", alertou. Com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) parlamentares dos partidos de esquerda, alguns policiais e seus familiares pretendiam realizar uma passeata de protesto no centro de Salvador às 15 horas desta quinta, mas até as 17 horas, o ato não havia começado. Tentativa Daltro, integrantes do comando de greve e um grupo de parlamentares do PT, PC do B e PSB, liderado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Nélson Pelegrino (PT-BA) tentaram sem êxito ser recebidos na manhã desta quinta-feira no Quartel dos Aflitos, pelo comandante da PM baiana, coronel Jorge Luiz Souza Santos. Eles insistiam em reabrir as negociações com o governo e debater com o oficial se, efetivamente, a Secretaria de Segurança Pública cumpriu todos os itens do acordo firmado no encerramento da greve de julho. "Ele (Santos) nos desafiou a provar que a pauta não foi cumprida, e estamos aqui para isso; se ele comprovar, nos comprometemos a não fazer greve no carnaval", disse Daltro. No entanto, o comando não recebeu os sindicalistas e políticos, segundo a assessoria de comunicação da PM, porque entendia que a comissão "não representa a corporação". Pontos de desacordo Os sindicalistas afirmam que entre os itens do acordo não cumprido pelo governo está a concessão das horas extras e o adicional noturno, além do piso de R$ 1,2 mil. O deputado Nélson Pelegrino queria também ser informado pelo comando da PM quantos grevistas foram presos durante a retomada dos três quartéis da Polícia Militar. Repressão "A gente veio pedir ainda para o governo parar com essa repressão, essa coisa de invadir casa de lideranças do movimento, que estão sendo tratados como baderneiros, quando na verdade são pais de família", declarou. Segundo Pelegrino, os vinte policiais foragidos, que lideraram o aquartelamento de dois batalhões e uma companhia na terça-feira, estão com medo de aparecer devido ao clima de terror implantado pelo governo. "Eles querem apresentar-se aos seus batalhões, mas só o farão se o comando da PM der garantia de que não serão humilhados". Insatisfação O deputado contou que o clima de insatisfação nos quartéis continua muito grande, e isso pode resultar numa nova explosão de revolta. "A única solução neste momento é a abertura de negociação", acredita. Ele informou que voltou a falar nesta quinta-feira por telefone com o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, e mais uma vez pediu a interferência federal na crise baiana para acabar com o "clima de incerteza". Lei fiscal No confronto de posições entre grevistas e governo, nesta quinta foi a vez do secretário da Fazenda do Estado, Albérico Mascarenhas, tentar explicar porque o governo não concedeu o piso de R$ 1,2 mil depois da greve de julho. "A Lei da Responsabilidade Fiscal nos impede de aumentar a folha do funcionalismo em mais de 10% de um ano para outro", disse. Segundo Mascarenhas, o governo baiano gastou 44% do que arrecadou para o pagamento da folha do funcionalismo no ano passado, e com o aumento de 10% concedido em 2001, chegou ao limite de 48% de comprometimento da arrecadação conforme a lei fiscal. "Não damos aumento por absoluta incapacidade do Estado", argumentou, reprovando o clima de "apreensão" criado pelos grevistas da PM.

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