Policiais de Alagoas fazem greve contra mudanças na PF

Agentes são contra o anteprojeto de Lei Orgânica, que estabelece o fim dos cargos de papiloscopista e escrivão e concede poderes aos delegados

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os policiais federais de Alagoas realizam nesta quarta-feira, 31, uma greve de advertência em protesto às mudanças na estrutura da Polícia Federal. A paralisação não prejudicou totalmente o atendimento público, como a emissão de passaporte e a renovação de visto de permanência para estrangeiros de passagem por Alagoas, mas serviu para marcar a posição dos policiais federais alagoanos contra o anteprojeto de Lei Orgânica elaborado pelo Ministério da Justiça. O presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Alagoas (Sinpofal), Jorge Venerando, disse que o anteprojeto de Lei Orgânica - com 103 artigos - deve ser repudiado por toda a categoria "por seu caráter autoritário, militarista e excludente". Segundo o sindicalista, esse anteprojeto é muito diferente da proposta de Lei Orgânica apresentada pelas entidades de classe da Polícia Federal ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em 2003. "Até hoje, o ministro não encaminhou o nosso projeto ao Congresso porque foi pressionado pelos delegados, que não querem a democratização da PF", afirmou Venerando. Segundo ele, a categoria defende o cargo único de policial federal, composição democrática do Conselho Superior de Polícia, participação na escolha da cúpula da PF e compartilhamento de funções de comando da instituição. Venerando reconhece que o projeto do ministro concede 30% de reajuste salarial para todas as categorias, mas diz que os policiais federais não aceitam aumento em troca de sua autonomia e de seus ideais. "Não aceitamos cala-boca e nenhum tipo de tutela. Muito pelo contrário, queremos uma Lei Orgânica que contemple a nossa luta pela democratização da Polícia Federal." O sindicalista disse ainda que o anteprojeto do Ministério da Justiça acaba com os cargos de papiloscopista e escrivão, além de conceder poderes exorbitantes aos delegados. "Nós propomos o cargo único que possibilita o policial federal fazer carreira dentro da instituição, começando pela base até chegar ao topo, por capacidade e experiência."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.