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Policiais do Denarc acusados de extorquir traficantes

Por Agencia Estado
Atualização:

Os promotores do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, estão acusando os investigadores de polícia Hélio Carlos Barba, Guilherme Barbosa Palazo, Alessandro Ramos da Silva, José Carlos Castilho e Mauro César Bartolomeu, do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo, de extorquir e facilitar a venda de drogas na cracolândia, localizada no bairro de Santa Ifigênia, na região central de São Paulo. Durante 20 dias, os promotores acompanharam a atuação dos investigadores, que estavam designados para combater o tráfico de crack, cocaína e maconha naquela região da cidade, que até o ano passado era o ponto principal da venda de drogas para menores, ladrões e criminosos de São Paulo. Os promotores filmaram os policiais num contato "amistoso e amigável" com os traficantes, entre eles Adilson Francisco da Rocha, processado por roubo, tráfico, condenado por porte de arma e acusado de ser o principal traficante da região central da cidade. Os policiais Barba, Palazo e Silva estavam lotados no Setor de Operações Especiais (SOI), e Castilho e Bartolomeu, na 3ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Entorpecentes (DISE). Desde o ano passado, eles faziam parte de um grupo de policiais designados especialmente para acabar com os traficantes da cracolândia. O diretor do Denarc, delegado Marco Antonio Ribeiro de Campos, determinou o afastamento dos investigadores e solicitou à corregedoria da polícia civil a instauração de inquérito policial e processo administrativo para apurar a conduta dos policiais. "Os policiais quebraram a confiança depositada a eles de um setor tão importante como é o Denarc. No departamento que eu dirijo não há lugar para corruptos e para quem acoberta traficantes. Uma vez comprovada a denúncia do Ministério Público, espero que todos sejam demitidos a bem do serviço público", disse Ribeiro de Campos. O diretor do Denarc declarou também que não há como controlar tudo que é feito pelos policiais na rua e determinou ainda a apuração da conduta dos delegados-chefes dos cinco investigadores. Solicitou os relatórios preparados nos últimos meses pelos policiais acusados pelo MP e entregues a seus chefes. Os promotores do Ministério Público que investigaram os policiais foram à cracolândia para apurar as informações chegadas ao Gaeco, indicando que prostitutas estavam sendo espancadas por policiais por se negaram a pagar para que pudessem circular livremente. No relatório preparado pelos promotores, eles dizem que uma investigação que começou sobre prostituição, terminou com uma acusação muito séria, que é a de policiais encarregados de combater o tráfico de drogas estarem dando cobertura aos próprios traficantes. O diretor do Denarc informou que este ano as delegacias de seu departamento fizeram um bom trabalho. Apreenderam 800 quilos de cocaína, 3 toneladas de maconha e mais de 100 quilos de crack. "Um trabalho como esse não pode ser jogado na lama pela conduta desses cinco policiais. Jamais admiti corrupção e por isso repito: assim que soube da investigação do MP, determinei o afastamento imediato dos 5 policiais e pedi à corregedoria que tomasse todas as providências." O Ministério Público solicitou à Justiça a decretação da prisão temporária dos cinco policiais, o que deverá ser decidido nesta quinta-feira.

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