Policiais não terão folga até a captura de Dudu

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quinhentos policiais civis vasculharam duas das dezenove favelas do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, em busca do traficante Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, que invadiu a Rocinha há oito dias. Os agentes chegaram a uma casa que serviu de esconderijo para ele, mas Dudu e nove comparsas haviam fugido de lá horas antes. Na casa, localizada no número 19 da Travessa Joaquim de Queiroz, na favela da Grota, foram apreendidos três quilos de cocaína, material de endolação da droga e roupas. Havia sinais de que Dudu e seus cúmplices tinham deixado o local recentemente. A polícia tem informações de que ele ainda está no Alemão. Em outra casa na Grota, foram localizados mais 20 quilos de cocaína. Também foram apreendidos uma camiseta com fotos em homenagem a quatro traficantes já mortos e roupas camufladas. Houve tiroteio rápido, mas ninguém ficou ferido. Até as 18 horas, somente um homem havia sido preso. Ele estava no meio da rua com drogas. O nome dele não havia sido divulgado até o início da noite. ?Sacrifício? ? A operação começou às 7 horas e não tem data para terminar. ?Enquanto houver informações de que Dudu está aqui, ficaremos aqui?, disse o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, que acompanhou in loco a investida dos agentes. Ele disse que as folgas de fim de semana dos policiais foram cortadas para que Dudu seja preso logo. ?É uma cota de sacrifício a mais para devolver a paz ao Rio de Janeiro?, justificou, lembrando que a prisão ?não é uma questão matemática, que se possa afirmar a hora e o dia que vamos capturá-lo.? Além da Grota ? mesma favela onde, há dois anos, o jornalista Tim Lopes foi executado a mando do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco ?, os policiais estão também na Vila Cruzeiro. Eles contam com um auxílio de um helicóptero da Coordenadoria de Operações Especiais (Core). De acordo com informações do serviço de inteligência da polícia, Dudu está na Grota há pelo menos dois dias e não fica mais de 24 horas no mesmo lugar. Quem dá proteção a ele é um bandido local conhecido como Tota. Os policiais têm dados precisos e estão checando diversos localidades. Prêmio ? A recompensa por informações que ajudem na captura de Dudu foi elevada de R$ 2 mil para R$ 5 mil para incentivar as denúncias. O chefe de Polícia acredita que a população do Alemão irá delatá-lo, já que não tem vínculos com ele. Cartazes com a foto, o nome dele e a palavra ?procurado? foram espalhados pelos becos e vielas. Dudu e traficantes de outras favelas saíram do Morro do Vidigal na madrugada da sexta-feira santa para invadir a Rocinha. No meio do caminho, na Avenida Niemeyer, o grupo executou a mineira Telma Veloso Pinto, que acelerou seu carro diante da barreira montada pelos bandidos. Dudu se refugiou no Complexo do Alemão após ter escapado do cerco feito pela polícia à favela da Rocinha. A polícia sabe que o bandido se feriu durante a invasão. Ferido ? O menino Wendel Anderson da Silva, de 5 anos, foi atingido por um tiro no ombro direito na Favela Nova Brasília, uma das que compõem o complexo do Alemão. Agentes da Polícia Civil levaram o menino para o Hospital Salgado Filho, no Méier (zona norte). O delegado Alan Turnowsky, que comandava a operação no Alemão negou que o tiro tenha sido disparado por policiais e acusou traficantes. Ele disse que o ferimento foi causado por uma bala calibre 38, enquanto a polícia usa pistolas calibre 40.

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