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Policiais suspeitos de matar preso continuam a trabalhar

Por Agencia Estado
Atualização:

Os 19 policiais federais que, segundo o superintendente da corporação no Rio, Marcelo Itagiba, teriam sido afastados de suas funções regulares após a morte do cozinheiro Antônio Gonçalves Abreu, continuam trabalhando normalmente. A informação foi dada pelos advogados do Sindicato dos Policiais Federais, Mário Cesar Machado Monteiro e Erika Pedrinhas. De acordo com Monteiro, os agentes estão realizando as tarefas usuais, sem alterações da rotina, após a morte de Abreu, na carceragem da PF. O governo federal já reconheceu oficialmente a responsabilidade pela morte, e o ministro da Justiça, Paulo de Tarso, anunciou uma pensão para a família do preso. Ele havia sido detido acusado da morte do agente da PF Gustavo Moreira, na madrugada de 7 de setembro, e foi levado para o hospital no dia seguinte, em coma, com traumatismo craniano e lesões por todo o corpo. Morreu poucas horas depois. Após a denúncia do caso, os 19 integrantes do plantão entre os dias 6 e 8 de setembro passaram a ser considerados suspeitos de terEM espancado o cozinheiro para vingar a morte do colega. Em reunião com representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio, do Conselho da Comunidade e da entidade Tortura Nunca Mais, o superintendente da PF, Marcelo Itagiba, garantiu que os policiais seriam deslocados para funções burocráticas. ?Se eles não foram mesmo afastados das funções, é tudo uma grande encenação, uma farsa gravíssima?, afirmou o deputado estadual Chico Alencar (PT-RJ), que participou do encontro com o superintendente da PF. Marcelo Freixo, presidente do Conselho da Comunidade, também se sentiu enganado. ?A partir de agora, não adianta mais conversar com Itagiba, porque a palavra dele não vale mais. Vamos querer tratar diretamente com a direção-geral da PF, em Brasília.? O diretor do sindicato dos agentes federais identificado apenas como Ribamar, confirmou inicialmente que todos do grupo continuavam desempenhando as mesmas funções, mas, ao saber que o superintendente havia confirmado o suposto afastamento, voltou atrás. ?Então, vale o que disse Itagiba.? A assessoria de imprensa da corporação, consultada, reiterou que, como havia dito Itagiba, os integrantes dos plantões em que o cozinheiro foi preso e morto ?estão desempenhando funções burocráticas, afastados do trabalho operacional?. A Comissão Parlamentar de Inquérito da Tortura da Câmara Federal colheu nesta quinta-feira no Rio depoimentos sobre a morte de Abreu sob a custódia da PF. ?Este caso está sendo considerado emblemático para a CPI e queremos apurá-lo com precisão?, disse o deputado federal Magno Malta (PL-ES), integrante da comissão. Até as 17h, tinham sido ouvidos o advogado de Abreu, os presos Samuel Cerqueira e Márcio Gomes, acusados da morte do policial Gustavo Moreira. Dez dos 19 policiais suspeitos de torturar e matar Abreu também deveriam ser ouvidos nesta quarta. Os trabalhos na cidade devem ser encerrados nesta sexta-feira.

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