Policiais suspeitos são afastados das funções

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Por Agencia Estado
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Os seis policiais suspeitos de terem recebido propina para liberar dois acusados de seqüestrar e matar o prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) foram afastados de suas funções. Eles estão sendo ouvidos em Maringá, a cerca de 450 quilômetros de Curitiba, no norte do Paraná, e depois deverão ser removidos para a capital, onde exercerão trabalhos administrativos até o fim das investigações. Hoje assumiram o trabalho de investigação os delegados Idelberto Lagana, que presidirá o inquérito policial, e Nabor Sottomaior, responsável pelo processo administrativo. Eles pediram ao Ministério Público para também acompanhar os trabalhos. Os quatro promotores das varas criminais de Maringá foram designados. Hoje foram ouvidos dois suspeitos e amanhã serão ouvidos os outros quatro, além de um advogado também acusado de participar da ação. O diretor-geral da Polícia Civil no Paraná, Leonyl Ribeiro, disse que o número de policiais envolvidos no caso não está fechado. "Podem ser mais ou menos", admitiu. "A certeza só virá depois." Para ele, a remoção dos policiais a Curitiba visa evitar qualquer contato com testemunhas. Ele disse esperar o término do inquérito policial para a próxima semana, dando início ao processo administrativo. "Temos pressa", afirmou. Nas poucas vezes em que conversaram com alguns jornalistas, os policiais fizeram questão de ressaltar que a ação deles foi "transparente". No dia 30 de janeiro, eles teriam recebido um telefonema anônimo colocando suspeição sobre os homens. Ao serem presos, Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, apontado como líder da quadrilha que seqüestrou o prefeito, e Elcyd Oliveira Brito, o John, teriam apresentado carteiras de identidade com os nomes de Alexandre Cintra de Toledo e Rafael Ribeiro Fernandes, respectivamente. Eles teriam sido levados ao distrito policial e, após a checagem no sistema de pesquisa, os policiais observaram que não havia nenhum registro sobre os detidos. Eles comunicaram ao delegado de plantão, que determinou que fossem fotografados e liberados, o que só aconteceu no dia 1º de fevereiro. Durante esse tempo, Monstro teria entrado em contato com o advogado Marcos Cristiane Costa da Silva, de Maringá, pedindo que agilizasse a soltura dele e de John. Ele também teria pedido que o advogado o defendesse em processos que responderia em São Paulo. Uma Ford Ranger e uma quantia em dinheiro entregues ao advogado teriam sido seu pagamento. "Se ficar comprovado que algum policial cometeu ilícito penal, ele será processado na Justiça Comum e haverá um processo administrativo interno visando à exclusão dos quadros", afirmou o diretor da Polícia Civil. Ribeiro garantiu que as investigações não terminarão em "pizza", conforme teria sugerido o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, indicado pelo PT para acompanhar o caso do assassinato de Celso Daniel, em razão do afastamento do corregedor Haroldo Davison ontem. "Ele foi afastado porque, ao invés de colocar rapidez no trabalho, limitou-se a ler o trabalho que já tínhamos feito em São Paulo", afirmou Leonyl Ribeiro. "Ele lançou ao público um trabalho incompleto." Para os novos delegados que acompanham o caso, o diretor deu um recado: "Trabalhar mais e falar menos". "O problema nosso, às vezes, é falar antes da investigação, nós queremos primeiro a investigação", acentuou.

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