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Policiais usaram DP em Campinas como cativeiro

Três policiais e um ex-investigador são acusados de sequestrar e achacar ladrões de caixas eletrônicos

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

Uma investigação feita pela Corregedoria da Polícia Civil levou ontem à decretação da prisão preventiva de três policiais e um ex-investigador acusados de sequestrar e achacar ladrões de caixas eletrônicos em Campinas. Dois dos acusados foram presos ontem e dois estão foragidos. Eles foram denunciados pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O juiz Nelson Bernardes, da 3ª Vara Criminal, determinou a abertura do processo. Esta é a segunda operação da Corregedoria no Estado desde a posse do novo secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, que prometeu um "combate implacável à corrupção". A descoberta de que os ladrões eram vítimas dos policiais ocorreu durante investigação da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Campinas sobre os ataques a caixas eletrônicos na região. Interceptações telefônicas mostraram que colegas dos policiais da DIG estavam telefonando para os ladrões exigindo pagamento do resgate. Os policiais teriam sequestrado os ladrões. Em um dos casos, o cativeiro foi na própria delegacia em que os acusados trabalhavam: o 4º Distrito Policial de Campinas. Com base nas gravações, a 2ª Corregedoria Auxiliar (Campinas) foi avisada e entrou no caso. "Concluímos a apuração criminal e vamos começar a administrativa, que pode levar à demissão dos policiais", disse o delegado Roveraldo Bataglini. Segundo promotores do Gaeco de Campinas - em 18 meses, eles denunciaram 50 policiais da região -, o primeiro caso de achaque apurado teve como vítima Gregory Luan. Ele foi detido em dezembro de 2008 pelos investigadores Acrísio Lunardelo de Souza e Gustavo Tozo e levado ao 4º DP - Tozo foi expulso da polícia em fevereiro e condenado a 13 anos de prisão por causa de outros achaques. Os policiais queriam R$ 100 mil de resgate, mas aceitaram soltar Luan por R$ 4 mil e uma moto. Investigando esse caso, os corregedores descobriram outra extorsão. Os acusados nesse caso eram os investigadores Jackson Ferreira de Siqueira e Sandro Giovani de Oliveira, que trabalhavam na DIG. Eles teriam sequestrado outro acusado de pertencer ao grupo de ladrões de caixas eletrônicos - Lucas Furlan - e exigido R$ 200 mil para não mantê-lo preso. Os policiais aceitaram reduzir o resgate para R$ 10 mil. Também receberam uma picape Montana e soltaram Furlan. Ouvidos pela Corregedoria, Furlan e Luan confirmaram os achaques. Os policiais Siqueira e Oliveira foram presos. O ex-investigador Tozo e o investigador Souza estão foragidos. Anteontem, quatro policiais militares foram detidos em Sumaré, sob suspeita de participar de furtos a caixas eletrônicos. FRASE Roveraldo Bataglini Diretor da 2ª Corregedoria auxiliar, em Campinas "Concluímos a apuração criminal e vamos começar a administrativa, que pode levar à demissão dos policiais"

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