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Policial acusa deputado por ataque a delegacia

Por Pedro Dantas
Atualização:

O delegado-titular da 35ª DP de Campo Grande, zona oeste do Rio, Marcus Neves, apontou o deputado estadual Natalino José Guimarães (DEM), de 53 anos, como mandante de atentado com bomba caseira contra a delegacia na madrugada de ontem. Neves disse que dois dos quatro homens que participaram do ataque são ligados ao parlamentar, acusado de chefiar o grupo paramilitar Liga da Justiça. Entre os criminosos, estariam dois policiais. "As informações apontam (a autoria) para o grupo de milicianos, que atua na zona oeste, vinculado ao deputado Natalino e ao irmão dele, o vereador Jerominho (preso desde dezembro)", disse o delegado. Neves disse que outros dois homens confessaram que fizeram a bomba a pedido de Natalino. Familiares da dupla negam. A bomba foi jogada por volta de 2h20 e destruiu a entrada da delegacia. Ninguém ficou ferido. Indiciado em 2007 pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, por suspeita de comandar milícias na zona oeste, o deputado foi procurado pelo Estado, mas não retornou as ligações. O parlamentar sempre negou ligações com a milícia. Segundo Neves, a base do grupo seriam as favelas da Carobinha, Vilar Carioca, Palmeirinha e Barbante. Ontem, a polícia interditou uma distribuidora de gás em Campo Grande, apontada como empresa de fachada dos milicianos. Papéis apontam que a firma lucrou, em maio, R$ 972 mil, e mapas indicam distribuição de gás em quase 40 favelas. Oito funcionários foram detidos, e 5 mil botijões, apreendidos."A empresa era comandada pelo ex-PM Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, que está preso e é ligado a Jerominho." Neves disse que as ameaças se intensificaram nas duas últimas semanas, quando foram presos o sargento do 27º Batalhão de Polícia Militar de Santa Cruz Carlos Eduardo Benevides Gomes, acusado de quatro homicídios, e o soldado do Exército Wallace Luigi da Silva Langa, apontado como armeiro da quadrilha, além de três pessoas ligadas a uma rádio pirata. À tarde, diligências foram realizadas nas favelas dominadas pela milícia. Oito Kombis e aparelhos para instalação de "gatonet" foram apreendidos na Favela da Palmeirinha. A imprensa foi aconselhada a não acompanhar a ação, pois a polícia teria recebido ameaças de milicianos contra jornalistas.

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