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Policial que depôs contra secretário é exonerado

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

Uma das principais testemunhas do Ministério Público Estadual (MPE) no escândalo dos achaques aos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), o delegado Nelson Silveira Guimarães foi afastado ontem de seu cargo na diretoria da Divisão de Crimes de Trânsito (DCT) do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A exoneração ocorreu 50 dias depois que o delegado prestou depoimento, afirmando que o então secretário-adjunto da Segurança Pública, Lauro Malheiros Neto, havia favorecido o investigador Augusto Pena, retirando o policial de função burocrática e enviando ao Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). A transferência ocorreu apesar da suspeita de que Pena havia seqüestrado Rodrigo Olivatto de Morais, enteado de Marco Camacho, o Marcola, líder do PCC - crime pelo qual ele está preso. No Deic, Pena se envolveu em outro caso: o furto de uma carga de PlayStation. A declaração prestada por Nelson Guimarães foi um dos fatores decisivos para que Malheiros Neto se visse obrigado a pedir demissão ao governador José Serra (PSDB). Homem de confiança do secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, Malheiros Neto foi ainda acusado pela ex-mulher de Pena, a testemunha Regina Célia Lemos de Carvalho, de receber dinheiro de policiais. O ex-secretário nega as acusações e diz ser vítima de uma campanha "sórdida". Ele anunciou que vai processar quem o acusa. "Mas é evidente que ele não tem absolutamente nenhuma relação com essa história. Quem tem de dar explicações sobre isso (a exoneração) é a administração", disse o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende Malheiros Neto. Ex-delegado, Malheiros Neto cuidava na secretaria dos negócios ligados à Polícia Civil. Desde sua saída e até o escândalo da máfia das CNHs, não havia ocorrido alteração importante em cargos de destaque na Polícia Civil - departamentos com sede em São Paulo, a maioria das delegacias de áreas nobres da capital e divisões de elite, como a de Crimes Fazendários. A exoneração de Guimarães ocorre ainda em meio ao escândalo da máfia das CNHs. Embora a DCT não tenha relação com a expedição de carteiras, Guimarães foi o terceiro diretor do departamento afastado. A Delegacia Geral de Polícia (DGP) informou que a exoneração se insere num plano de reformulação do Detran e outros chefes do departamento sairão até sexta - um dos poucos que continuam no cargo é o delegado Fábio Pinheiro Lopes, titular da Divisão de Licenciamento. Procurado pelo Estado, Guimarães não quis dar entrevista. Pela manhã, ele se reuniu com o diretor do Detran, Ruy Estanislau Silveira Mello. Depois, foi à sede da DGP. Ali, Guimarães foi recebido pelo delegado-geral, Maurício Freire. O teor da conversa não foi revelado.

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