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População de cidade baiana se revolta contra violência e prefeito foge

Estopim em Valença foi a demora para liberação de corpo de jovem assassinado dentro de casa

Por Tiago Décimo
Atualização:

SALVADOR - Uma onda de protestos contra a violência em Valença (BA), cidade litorânea 255 quilômetros ao sul de Salvador, levou o prefeito da cidade, Ramiro Campelo de Queiroz (PR), a fugir do município e procurar abrigo em Salvador.

 

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As manifestações começaram na tarde de quinta-feira, na frente da Câmara Municipal. O estopim foi a demora para a liberação, para o sepultamento, do corpo de um jovem de 25 anos que havia sido assassinado dentro de casa, durante um assalto, na noite anterior.

 

Revoltada, a população passou a cobrar das autoridades mais segurança e a contratação de médicos-legistas para ao município. Em seguida, manifestantes atearam fogo em pneus nas ruas centrais do município, quebraram vidros e portas de lojas, da Câmara e da Prefeitura e promoveram saques a pelo menos dez estabelecimentos comerciais - alguns deles de propriedade da família do prefeito, que tem uma concessionária de veículos e uma rede de lojas de móveis e eletrodomésticos.

 

Temendo sofrer ataques em casa - um imóvel térreo de muros baixos -, Queiroz pediu escolta policial e deixou a cidade na noite de ontem, junto com a família, rumo a Salvador, pelo ferryboat.

 

Segundo a delegada Glória Isabel Santos Ramos, da 5ª Coordenadoria Regional da Polícia Civil (Coorpin), responsável pelo município, as manifestações foram contidas ainda durante a noite de ontem. Três pessoas foram detidas em flagrante, por furto. Os objetos, segundo a polícia, foram recuperados.

 

O prefeito passou o dia na capital e, depois de dizer que retornaria ainda nesta sexta-feira para Valença, voltou atrás e decidiu retornar no sábado. Ele afirma querer se encontrar com o governador Jaques Wagner (PT) para discutir a situação da segurança pública no município. Wagner está em viagem, na Coreia do Sul, e volta no sábado.

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Valença registra índice de homicídios semelhante ao de Salvador, em torno de 60 casos para cada 100 mil habitantes, e as notificações têm mantido ritmo crescente. Em janeiro deste ano, foram registrados 11 assassinatos no município, ante sete no mesmo período do ano passado.

 

De acordo com o levantamento Mapa da Violência 2011, divulgado ontem pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça, a Bahia foi o segundo Estado onde o número de homicídios mais avançou no País entre 1998 e 2008, com aumento de 237,5% no montante de casos, atrás apenas do Maranhão (297%). No período, o Estado saltou da 22ª posição, entre os mais violentos, com 9,7 homicídios por 100 mil habitantes, para a oitava, com 32,9 assassinatos por grupo de 100 mil pessoas.

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