Porto de Itajaí deve receber navios em 20 dias

Governo vai autorizar em caráter de emergência limpeza de canal

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Por Eduardo Nunomura e ITAJAÍ
Atualização:

A previsão é de que o Porto de Itajaí volte a receber navios, precariamente, em até 20 dias. Em três meses a dragagem do Rio Itajaí-Açu deve ser concluída. Em caráter de emergência, o ministro Pedro Brito, da Secretaria Especial de Portos, vai autorizar a contratação de uma empresa para limpar o canal que dá acesso ao porto e ao terminal de Navegantes, um em cada margem do rio. Devem ser retirados 3,8 milhões de metros cúbicos de sujeira, que serão lançados no alto-mar. A operação deve se normalizar em seis meses. As empresas têm até sexta-feira para enviar propostas para a dragagem. Na semana que vem, a draga já começa a nivelar o Itajaí-Açu. Com a enchente, o fundo do rio ficou muito acidentado. Há trechos com 22 metros de profundidade e outros com 5,5 metros - para a navegação, vale a menor medida. Antes das chuvas, a profundidade era de 11,3 metros. As chuvas destruíram 740 metros de cais. Dos quatro berços de atracação, um foi levado pelas águas, outro foi destruído parcialmente e um terceiro sofreu avarias leves. O quarto atracadouro está em construção. Ele seria concluído em janeiro, mas o plano de reconstrução do porto prevê agora que a obra seja entregue até 15 de dezembro. O governo federal liberou R$ 350 milhões para as obras no porto. Com o porto parado, perde o País. Por dia, ele movimenta US$ 33 milhões. Ele é o 2º maior terminal de contêineres e maior exportador de carne congelada. Representa 21,8% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual e 4% da balança comercial do Brasil. As empresas de exportação e importação estão operando com os portos de Santos, Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC). "Significa custos adicionais e menos competitividade para os produtos", lembrou o ministro Pedro Brito. Segundo o superintendente do porto, Arnaldo Schmitt, a estimativa é a de que 300 mil pessoas de todo o País, que dependem das atividades portuárias, sejam afetadas. O estivador Antonio Cesar de Souza, de 50 anos, teve sua casa no bairro de São Vicente atingida pela enchente. E agora se vê sem serviço, sem poder ganhar semanalmente. "Se não trabalharmos, não ganhamos nada. Mesmo que em 20 dias os navios voltem a atracar, não haverá serviço para todos." Os trabalhadores já pensam em migrar para outros portos temporariamente. O porto, com14 mil trabalhadores diretos, não é o maior empregador de Itajaí - o setor pesqueiro gera 130 mil empregos. Mas para a economia da cidade ele é vital: 70% dela gira em torno das atividades portuárias.

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