Prédios e desmatamento esquentam centro e periferia

Graças às árvores, locais como os Jardins podem ter até 10°a menos que a Sé

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Por Alexssander Soares
Atualização:

Nos distritos centrais de São Paulo, cobertura de asfalto e paredões de concreto dos prédios. Em pontos mais distantes da zona leste, desmatamento com ocupação irregular do solo. O desenho das ilhas de calor urbanas, com variações inéditas de temperatura de até 12 graus medidas no mesmo horário em pontos diferentes da cidade, acompanha o padrão de crescimento da metrópole a partir da década de 50. ''''O processo intenso de ocupação praticamente acabou com as casas com jardins no centro. A construção de grandes avenidas também favoreceu a expansão das ilhas de calor em direção aos bairros da zona leste'''', diz a geógrafa Magda Lombardo, professora da Unesp no campus de Rio Claro. ''''CARGA URBANA'''' Com base no acompanhamento que faz das variações de temperatura na capital desde 1985, Magda diz que a especulação imobiliária não leva em consideração a ''''capacidade de carga urbana'''' de cada distrito. ''''Se você já construiu um prédio de 20 andares em um quadra, por que construir outro da mesma altura ao lado? A ruptura no padrão de construção imobiliária é necessária para impedir o surgimento de paredões de concreto'''', afirma a geógrafa. A diferença no método construtivo, combinado com a presença de árvores, é responsável pelas temperaturas de 3 a 4 graus mais baixas registradas em bairros centrais como Santa Cecília e Consolação quando comparados a distritos próximos, como Sé e Bom Retiro. Segundo os estudos da geógrafa, a diferença aumenta bastante - pode chegar a 10 graus - quando se compara esses distritos centrais com bairros altamente urbanizados, mas que têm boa cobertura de vegetação, como os Jardins América e Europa, Pinheiros, Butantã e Morumbi.

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