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Prefeito acusa Garotinho por tragédia em Caxias

Por Agencia Estado
Atualização:

Ninguém quer assumir a responsabilidade pelos estragos causados pelas chuvas no Rio de Janeiro. A disputa política tomou conta do Estado. Hoje, o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos Filho (PSDB), bateu boca com o governador Anthony Garotinho (PSB). A discussão aconteceu logo após a chegada do governador ao município, de helicóptero, vindo de Petrópolis, na região serrana. A visita à cidade, a segunda mais atingida pelas chuvas, com seis mortos de acordo com a Defesa Civil estadual, durou menos de dez minutos. Zito acusou Garotinho de ser o responsável pela tragédia por não dragar os rios e canais da região, e o governador disse que sobrevoou a cidade e viu que o problema não é tão grave como diz o prefeito. Sem citar o nome de ninguém, Garotinho afirmou que haveria pessoas querendo "fazer política com a desgraça do povo". Estado de Emergência - A réplica de Zito foi rápida: ele decretou estado de emergência no município e telefonou para o presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmando que não vai mais esperar por verbas do governo estadual. "Em razão do descaso que o governador mostrou em relação ao município, liguei para o presidente e ele disse que vem amanhã à cidade". "Garotinho considera normal a situação de Caxias e disse que não vai liberar verbas, mas existem pessoas ilhadas e desalojadas", afirmou o prefeito. O governador, por sua vez, culpa a prefeitura por permitir construções em áreas irregulares. Adversários políticos, Zito e Garotinho disputam a mesma faixa do eleitorado. O tucano é pré-candidato a governador em 2002. Protesto - Moradores da comunidade de Jardim Anhangá fecharam hoje novamente, por meia hora, a auto-estrada Rio-Teresópolis, em protesto pela falta de ações do poder público na região. Houve um engarrafamento de cerca de dois quilômetros, que foi controlado com a chegada da polícia. Os moradores afirmam que suas casas foram alagadas porque o trabalho de dragagem do Rio Roncador não é feito há três anos. Garotinho, por sua vez, prometeu fazer a dragagem, mas autorizou a remoção dos moradores de um condomínio construído às margens do rio porque, segundo ele, o loteamento - autorizado pela prefeitura - é irregular. "Essa construção fica abaixo da cota do rio e foi autorizada em local errado, o que provocou esta situação (o alagamento das casas)." A decretação de estado de emergência em Caxias permite que o município receba verbas federais sem passar por processos burocráticos, podendo fazer obras emergenciais sem licitação. Na comunidade de Parada Morabi, moradores reclamavam da falta de ação do governo. "Moro aqui há seis anos, e é sempre assim: chove e inunda tudo. Queremos uma solução", disse Gicelda Rodrigues Ramos, de 31 anos. "Nossos filhos andam no meio de ratos e cobras. Essa briga política entre o Zito e o Garotinho não leva a nada. Vamos fechar a estrada de novo."

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