Prefeito de Rio Grande da Serra (SP) escapa de emboscada

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Por Agencia Estado
Atualização:

O prefeito de Rio Grande da Serra, Ramon Velasquez (PT), de 39 anos, sofreu uma emboscada às 21h20 de ontem. O delegado Sérgio Campos Simionato, titular da delegacia da cidade, registrou o caso como tentativa de homicídio. Segundo o prefeito, ele teve de atropelar um criminoso que o ameaçava com um fuzil na Avenida José Bello, no Jardim das Flores. O prefeito estava acompanhado da mulher, Adriana Mendes Mitterstein Velasquez, de 26 anos. Velasquez, que é evangélico, saía da Igreja Batista após uma festa de casamento e seguia para outra igreja, a Batista Missionária, onde teria mais um compromisso. "Quando parei numa lombada, um homem encapuzado e de jaqueta de couro preta parou na minha frente com a arma. Precisei atropelá-lo e acelerei para a delegacia." O petista disse ainda que, a alguns metros do local do atropelamento, ele viu pelo espelho retrovisor um outro homem no lado direito da rua, que, provavelmente, estaria em companhia do criminoso, uma vez que parou para socorrê-lo. Velasquez contou que o homem conseguiu se levantar e, apoiado no companheiro, desceu a rua. "Se fosse assalto, o homem não teria tanta preocupação em esconder o rosto. Pode ter sido uma tentativa de seqüestro, mas eu acredito mesmo em homicídio." Todos os carros do 30º Batalhão da PM que patrulham a cidade foram deslocados para a região. Durante a madrugada, investigadores de Rio Grande da Serra procuraram em hospitais do município algum ferido internado por atropelamento. Ninguém foi encontrado. De volta ao local do crime, a polícia encontrou uma jaqueta azul, com detalhes cinza. O prefeito reconheceu o agasalho. Segundo ele, estava com o homem que portava o fuzil. Os investigadores não encontraram nenhuma cápsula na rua. O prefeito afirmou nunca ter recebido nenhum tipo de ameaça, a não ser em período eleitoral. Velasquez costuma andar com segurança particular, mas, na noite de ontem, estava indo pegar o segurança momentos antes da emboscada. "Eu vou ter de pedir ajuda à Secretaria da Segurança Pública para reforçar minha segurança." Assassinato Velasquez é genro do ex-vereador Valdir Mitterstein, acusado de ser o mentor e o mandante do assassinato do ex-prefeito da cidade José Carlos Arruda (PRP), o Carlão. A execução de Carlão ocorreu em abril de 1998. O político comandava a cidade havia pouco mais de um ano. Seu antecessor, Francisco Aparecido Franco (PTB), havia morrido em 1996 após uma parada cardíaca. A morte dos dois prefeitos gerou uma crise política na cidade. Em dois anos, seis pessoas ocuparam o cargo provisoriamente. Em 2000, o petista assumiu o poder após conquistar o segundo lugar numa eleição convocada às pressas. Em abril de 2001, o pai de sua mulher seria acusado de ser o mandante da morte de Arruda e acabaria preso. De acordo com investigações, Valdir teria ainda mandado matar os homens que executaram suas ordens. Ele estaria sendo chantageado pelos assassinos e teria decidido "queimar o arquivo". Arruda foi morto com sete tiros em abril de 1998. O corpo do político, que ficou desaparecido por dois dias, foi encontrado num matagal em Suzano.

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