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Prefeito de Unaí vai depor sobre morte de fiscais

Por Agencia Estado
Atualização:

O prefeito de Unaí, José Braz da Silva, será ouvido nos próximos dias pela Polícia Federal, no inquérito que apura a morte de três fiscais e de um motorista do Ministério do Trabalho. Os quatro foram assassinados em Unaí no dia 28 de janeiro deste ano, durante uma emboscada feita provavelmente por três pistoleiros, segundo as investigações da PF. Braz foi condenado pela justiça a pagar uma indenização de R$ 280 mil, além de ter seus bens bloqueados, por manter trabalhadores em regime de escravidão. Por ter foro privilegiado, o prefeito poderá escolher onde irá depor. Os fiscais Nelson José da Silva, Eratósteles de Almeida e João Batista Lage, e o motorista Airton Pereira de Oliveira estavam realizando uma operação para verificar irregularidades em diversas fazendas da região. No início da manhã, os três chegaram próximo a uma fazenda, quando foram mortos com vários tiros. Oliveira ainda chegou a dirigir a caminhonete do Ministério do Trabalho até a rodovia, onde recebeu socorro, mas acabou morrendo também à caminho do Hospital de Base de Brasília. Nas primeiras investigações, a PF chegou a identificar o veículo dos matadores, mas no decorrer da apuração, novas pistas indicaram que a morte dos fiscais estava decretada, já que havia pistoleiros postados em pelo menos três locais por onde eles iriam passar. Ainda hoje, a PF não descarta a possibilidade de os fiscais terem sido assaltados, pelo fato de a região ser uma área de ladrões de veículos de luxo, como era o caso do carro do Ministério do Trabalho. Mas a hipótese mais forte é de que eles foram assassinados à mando de fazendeiros da região. A PF tem três linhas de investigações e pelo menos dez suspeitos, até agora. Fazendeiro na região de Unaí, o prefeito da cidade será um dos que irá depor na PF, possivelmente na próxima semana. Braz sempre teve seu nome ligado a irregularidades trabalhistas e investigadores querem saber qual foi sua relação com os fiscais e com uma espécie de consórcio de fazendeiros que atuam na produção de feijão - o município é o segundo maior produtor do País - e também na contratação de gatos, que são pessoas responsáveis pelo recrutamento de trabalhadores rurais em época de colheita. Braz foi condenado pela justiça do Pará a pagar uma indenização por manter trabalhadores em regime de escravidão na fazenda Boa Esperança, em Canaã dos Carajás, no sul do Estado. O fato foi descoberto em dezembro de 2002, durante uma inspeção de fiscais do Ministério do Trabalho, que constataram aliciamento de mão-de-obra, alojamentos sem condições de uso e endividamento forçado dos trabalhadores.

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