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Prefeito de Mariana diz que 25 estão desaparecidos após rompimento de barragens

Além dos 13 funcionários da Samarco, 12 moradores estão sendo procurados; desabrigados temem saques e querem voltar para casa

Por MARIANA
Atualização:

Atualizado às 16h52 Mariana - O prefeito de Mariana, Duarte Junior (PPS), afirmou na tarde deste sábado, 7, em entrevista coletiva, que a administração municipal busca por 25 desaparecidos: 13 funcionários da empresa Samarco e 12 moradores de distritos atingidos pelo rompimento de duas barragens da mineradora Semarco na quinta-feira. Entre os moradores desaparecidos, há dois do distrito de Pedras e um do distrito de Carmagos. Os outros são de Bento Rodrigues, local mais afetado.

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O número anterior, divulgado durante a manhã, era de 19 desaparecidos. Essa informação, no entanto, ainda pode mudar: "Esse número de 12 moradores pode diminuir ou aumentar ainda", disse o prefeito.

Duarte Junior ainda afirmou que está sendo feita segurança 24 horas no distrito de Paracatu, onde, em partes mais altas, é possível chegar de carro. O Estado conversou com desabrigados em Mariana que já se organizavam para tentar voltar para suas casas, com medo de saques. Cerca de 130 famílias estão abrigadas em hotéis da cidade.

O prefeito ainda cobrou dos governos estadual e federal ajuda para recuperação do município. "Sem deixar de cobrar as responsabilidades da empresa", disse. 

Lama atinge distrito de Bento Rodrigues, nas próximidades de Mariana (MG) Foto: Márcio Fernandes|Estadão

O prefeito Duarte Júnior disse ser difícil reconstruir o vilarejo. “É um patrimônio, havia muita história ali. Mas acho difícil que um dia se recupere aquela região”, afirmou. “Vamos cobrar a empresa para fazer tudo para devolver a vida àquelas pessoas.”

Ontem de manhã, uma equipe avançada de resgate do Corpo de Bombeiros percorria a pé o que sobrou do centro de Bento Rodrigues. Com a lama na altura da cintura, o trabalho de um dos agentes era entrar nos locais onde havia casas, agora cobertos por lama, enquanto os outros dois integrantes do grupo faziam suporte para evitar que o colega ficasse preso no lamaçal.

Volta. As áreas atingidas estão isoladas pela polícia e o acesso de moradores é proibido. Mas muitas pessoas que vivem em Bento Rodrigues tentavam, na manhã de ontem, voltar ao vilarejo. Há casas na localidade que foram preservadas, mas que, sem água nem energia, também estão desocupadas.

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“Muita gente tem a mão leve. Por isso, preciso voltar”, disse o vigilante Edson Adriano Borges, de 28 anos, um dos que organizavam o retorno. “Eu consegui pegar tudo da minha filha. Tudo: berço, roupas, fraldas. Mas saí só com a roupa do corpo”, declarou. “Sou casado novo. Todos os móveis são novos, eletrodomésticos. Comprei um ar-condicionado e ainda vou pagar a primeira prestação. Minha moto está lá. Eu preciso voltar.”

Borges é um dos desabrigados que foram alojados em um dos hotéis da cidade, que estão superlotados. O berço de sua filha está em seu quarto. No local, a mulher dele, Dicineia Borges, de 22 anos, cuida da filha, de um ano e meio, e também ajuda a coletar doações entre os próprios moradores. A vaquinha é para arrumar berços e fraldas para outras crianças, que escaparam da tragédia apenas com a roupa do corpo.

Abrigo na pedra. Uma dessas crianças é a filha de Valéria Aparecida de Souza, de 20 anos, que saiu de Bento Rodrigues descalça. “Meu primo trabalha na Samarco e, quando estourou a barragem, ele ligou do celular, correndo. Atendi e subi numa pedra atrás de casa. Vi a água correndo. Eu cuido de duas primas de tarde. Peguei minha filha e as duas meninas e saí correndo”, conta a jovem. As roupas que ela, a filha e as sobrinhas usavam ontem já eram doações.

“Uns funcionários da prefeitura que estavam fazendo uma obra gritaram (quando viram o mar de lama) e colocaram a gente numa Kombi”, conta. “O veículo voltou para a cidade depois de deixar a gente, mas o pessoal teve de largar o carro lá.”

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