Prefeitura de São Paulo faz balanço de doações

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo concluiu o primeiro levantamento das doações feitas pela população e empresas para o governo municipal. A lista, que inclui desde uma caixa de clips a um aparelho de televisão de 29 polegadas, é resultado de uma campanha iniciada pela prefeita Marta Suplicy (PT), nas primeiras semanas do seu mandato, em janeiro. Nos primeiros dias em que assumiu o Executivo paulistano, Marta adotou o discurso da reconstrução da cidade e da administração municipal como o lema de seu governo. Em todos os compromissos oficiais, que podia ser uma visita a uma administração regional ou um encontro com empresários, a prefeita não vacilava em fazer pedidos para a Prefeitura, seja lá o que fosse: pneus e peças para automóveis, microcomputadores, pás e até vasos de flores para enfeitar o saguão principal do Palácio das Indústrias, sede do Executivo paulistano. O resultado foi uma extensa lista de mais de mil doações, entre móveis, cestas básicas, obras de arte ou simplesmente algumas horas de trabalho voluntário por parte da população. Todo o material foi distribuído para as administrações regionais, o Centro de Apoio Social e Atendimento (Casa) e secretarias municipais da Assistência Social e Cultura. A secretaria da Cultura foi a que recebeu os "presentes" mais curiosos, como uma coleção de CDs de Brahms e uma arquibancada para 150 pessoas. Também foram encaminhados para o órgão centenas de livros e revistas, que serão distribuídos para as bibliotecas municipais. No decorrer das semanas, Marta acabou se envolvendo com os problemas diários da administração e, aos poucos, foi deixando de fazer os pedidos. O resultado foi sentido em alguns órgãos, onde as doações foram se tornando cada vez mais raras. "Foi mais no começo que isso aconteceu", disse a administradora regional de Cidade Ademar, Eliana Francisca Queiróz, referindo-se às doações. Em janeiro, foram doadas 20 pás e enxadas para execução de serviços gerais. O mesmo ocorreu na Administração Regional (AR) do Jaçanã-Tremembé, uma das mais beneficiadas pela boa vontade da sociedade civil, que forneceu móveis, material de limpeza e ventiladores. "A sociedade brasileira reage muito quando é estimulada", disse o chefe de gabinete da regional, Marcos Silva. Segundo ele, a movimentação de doadores cessou logo que a prefeita deixou os pedidos de lado. Mesmo assim, está satisfeito com o resultado da campanha. "Nos ajudou muito, pois tínhamos funcionários sentados em cadeiras de plástico." Em outras regionais, porém, a relação com a sociedade foi aperfeiçoada e há até funcionários que orientam a população interessada em ajudar, como em São Mateus, na zona leste. "As pessoas estão acreditando muito na administração e, por isso, procuram muito as regionais", disse o chefe de gabinete da AR de São Mateus, Hécio Perez Filho. Em cada um dos três subdistritos da regional há um funcionário para atender a população, inclusive os interessados em fazer algum tipo de doação. Na Lapa, oito veículos que estavam sem condições de circular foram recuperados com peças e serviços oferecidos por empresários da região. Segundo o administrador regional da Vila Mariana, José Américo Dias, desde a semana passada ficou mais fácil o contato com empresários e representantes da sociedade civil interessados em colaborar com o governo. É que a prefeita elaborou portaria regulamentando as doações para o poder público principalmente as de grande porte. "Toda doação pública tem de ser pública", disse Dias. A assessoria de Imprensa da Prefeitura não soube informar se haverá um programa permanente para tratar do assunto. O administrador citou uma empresa da região sul interessada em doar computadores para a regional. "Com a portaria, a doação é oficializada e o controle fica muito maior, pois o material é registrado e passa a fazer parte do patrimônio oficial da Prefeitura."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.