Prefeitura de São Paulo vai tentar negociar com camelôs

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo aposta na ação conjunta das Polícias Civil e Militar para acabar com os tumultos na Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo, e fiscalizar a retirada dos camelôs ilegais daquela região. "A semana que vem vai ser de negociação e não de conflito", afirmou nesta sexta-feira o secretário municipal da Segurança Urbana, Benedito Mariano, que pediu apoio às polícias para identificar os líderes dos tumultos. Segundo Mariano, os ambulantes que incentivam o fechamento de lojas são ilegais. Ele disse ainda que não há chance de a administração discutir regularização de camelôs que vendem CDs piratas, por serem produtos ilegais. Na avaliação do secretário, o comércio dessas mercadorias "tem mais relação com o crime do que com a regularização administrativa do comércio ambulante". Nesta sexta-feira, o efetivo da PM na região aumentou para 120 homens, ante os 80 que atuaram nos dias anteriores. O grupo recebeu o apoio de 20 agentes da Polícia Civil e cerca de 150 homens da Guarda Civil Metropolitana. A ação também contou com um helicóptero e policiais à paisana. Uma filmadora foi usada para identificar os ambulantes. Esse aparato, no entanto, não evitou novos tumultos. O primeiro ocorreu pela manhã, quando um ambulante não quis entregar sua mercadoria e entrou em luta com fiscais. Segundo camelôs e testemunhas, ele chegou a apanhar de fiscais e de guardas-civis. Depois, se levantou e conseguiu fugir sem ser identificado. Mariano disse que vai apurar o caso para verificar se houve "abuso". "Nossa linha não permite nenhum tipo de violência." O inspetor Paulo José Barbosa, da GCM, disse que "não houve agressão". Às 14h15, um pelotão da Força Tática da PM chegou à 25 de Março para dispersar um grupo que obrigava as lojas a fechar. Os manifestantes levavam um caixão de madeira. A maioria dos comerciantes baixou as portas. Um homem, Erivaldo de Oliveira, de 37 anos, teve um ataque epilético. O delegado Evandro Luiz de Melo Lemos, do 1º Distrito Policial, informou que dez pessoas foram detidas nesta sexta-feira, na região da 25 de Março. Até as 18 horas, seis já tinham sido liberadas, por não terem ficha criminal. Um dos detidos, Ademir Clóvis de Azevedo, de 41 anos, foi identificado como foragido do Presídio de Tremembé, de onde saiu no Natal do ano passado. Segundo o delegado, ele é condenado a 7 anos e 3 meses de reclusão por furto, roubo e estelionato e deverá ser recolhido ao Centro de Detenção Provisória (CDP) do Belém. Os camelôs criticaram a ação da polícia. "Sabe quando vai parar isso aí? Quando tiver dois ou três mortos", disse o ambulante Ailton Ferreira Lima, de 39 anos. "A gente está trabalhando na rua por necessidade." Os tumultos na 25 de Março causaram prejuízo ao comércio. Segundo a União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), a queda nas vendas nesta semana foi de 50% no varejo (venda ao consumidor) e 30% no atacado (compras feitas por lojistas). O gerente de uma loja de armarinhos e artigos de época da 25 de Março, Eduardo Maluli, de 33 anos, contabilizou queda de 50% nas vendas. "Os camelôs precisam trabalhar, mas a gente também precisa", reclamou. A enfermeira Viviane Ernesto Iwamoto, de 25 anos, estava na Ladeira Porto Geral e, diante da agitação dos ambulantes com a aproximação de um grupo de fiscais e GCMs, ficou preocupada. "Estou morrendo de medo de paulada, de pedrada." O mesmo aconteceu com a aposentada Ireny Castro Rodrigues, de 68 anos. "Estou com medo de tomar algum tiro", disse a aposentada. "Está todo mundo tenso, a semana inteira trabalhamos todos tensos", disse a vendedora de uma loja, Milena Crispim da Costa, de 19 anos. Na hora do tumulto, vendedores e clientes se refugiam nos fundos dos estabelecimentos comerciais.

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