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Prefeitura do Rio inaugura a polêmica Casa de Parto

Por Agencia Estado
Atualização:

A prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou hoje, em Realengo, na zona oeste, a primeira Casa de Parto da cidade, onde grávidas terão seus filhos assistidas somente por enfermeiras-obstétricas, sem equipe de médicos. A casa é considerada uma vitória do movimento em defesa do parto humanizado, mas tem a resistência do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), que entrou com ação na Justiça, pedindo o fechamento da nova instituição. A Casa de Parto David Capistrano Filho tem capacidade para receber 100 mulheres por mês. Há três suítes para as grávidas e seus parentes - não só a presença do pai é incentivada, como a da família também. As 18 enfermeiras estão capacitadas para acompanhar todo o tipo de parto natural - na água, de cócoras, na horizontal. Duas delas fizeram curso de três meses no Japão. A Casa só fará o parto de gestantes de baixo risco que foram acompanhadas durante os nove meses pela equipe do local. Técnicas polêmicas, como a episiotomia (corte lateral na vagina), soro com medicamento para indução, levar todos os bebês para a incubadora, não serão rotina na casa. O secretário municipal de Saúde, Ronaldo Cezar Coelho, defende a casa como uma opção para as mulheres que quiserem ter o filho de forma mais humanizada. Ele anunciou a construção de oito maternidades, aumentando o número de leitos no município de 38 mil para 60 mil. A intenção do secretário é acabar com a terceirização dos partos. Já o coordenador do Grupo de Trabalho Materno-Infantil do Cremerj, o obstetra Abdu Kexfe, diz que a casa representa um retrocesso para a saúde da mulher. "A humanização do parto não pode prescindir dos médicos. Estão falando como se parir fosse uma festa e não uma situação que envolve risco", disse. O Cremerj entrou com ação contra o funcionamento da casa de parto junto à 1.ª Vara da Infância e Juventude. O juiz Siro Darlan encaminhou para o Ministério Público se manifestar, porque ? segundo ele ? o Cremerj não é "parte legítima" para ingressar com ação civil pública. A promotora Carla Vieira disse que assumiu o caso recentemente e ainda estuda a ação.

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