Prefeitura estima que Porto Alegre leve 1 mês para voltar ao normal

Município entra em situação de emergência após temporal na sexta; 70 mil pessoas seguem sem energia elétrica nesta segunda

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Por Gabriela Lara
Atualização:

PORTO ALEGRE - A destruição causada pelo temporal da última sexta-feira, 29, foi tanta que o prefeito em exercício de Porto Alegre, Sebastião Melo (PMDB), estima que sejam necessários pelo menos 30 dias para que a capital gaúcha volte totalmente à normalidade, apesar das medidas que vêm sendo tomadas pelo poder público desde o incidente.

"É uma cidade muito grande e há muito o que fazer", disse Melo em entrevista ao Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado. O prefeito José Fortunati (PDT) está de férias.

Equipe da elétrica da Empresa Pública e Transporte e Circulação trabalha na Avenida Otto Niemayer, em Porto Alegre; semáforos estão com problemas na via Foto: EPTC/Divulgação

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Nesta segunda-feira, 1º, Melo assina um documento que decreta situação de emergência na cidade. O principal objetivo é eliminar questões burocráticas para agilizar as ações de reparação nas zonas afetadas. Com o decreto, o município fica livre da obrigação de fazer licitação para comprar equipamentos em grandes quantidades - há necessidade de adquirir motosserras para cortar as árvores que ainda bloqueiam as vias em alguns bairros. O decreto também permite acelerar a contratação de prestadores de serviço.

"Em um primeiro momento, o decreto nos dá segurança jurídica para atuar de forma mais rápida", resumiu Melo. Posteriormente, se o documento for parcialmente reconhecido pelo Ministério da Integração Nacional, permitirá que os moradores atingidos tenham acesso ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como forma de auxílio.

Já para que a própria cidade possa receber recursos federais, a legislação exige que o valor estimado em prejuízos públicos chegue a 2,7% do total da receita corrente líquida do município. São contabilizados danos ambientais, humanos e materiais em escolas e hospitais, por exemplo. "Não temos esta expectativa. Que bom que não chegaremos a esse número", explicou Melo.

A temporal de sexta-feira provocou estragos principalmente por causa da força do vento - que em alguns locais superou os 120 km/h. O fenômeno foi classificado pelo Metroclima da prefeitura de Porto Alegre como uma "super célula de tempestade muito intensa". Árvores caíram em todas as regiões da cidade e, em muitos casos, atingiram postes e fiação da rede elétrica. Isso dificultou o trabalho dos técnicos e deixou centenas de milhares de pessoas sem luz ao longo de todo o fim de semana.

No ápice do temporal, segundo a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), 450 mil clientes ficaram sem energia. Em muitos bairros, também faltou água.

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Na manhã desta segunda-feira, ainda havia 36 mil pontos sem luz na região metropolitana de Porto Alegre, afetando cerca de 70 mil pessoas. Também persiste a falta de água em algumas regiões, e muitas ruas seguem bloqueadas pela queda de árvores, galhos e destroços de prédios.

"Uma cidade sem energia e sem água não funciona. Nossa prioridade continua sendo restabelecer esses serviços principalmente para os hospitais, além de desobstruir as ruas", afirmou o prefeito em exercício.

Melo acredita que levará alguns dias para que se possa quantificar os prejuízos causados pelo temporal. Nesta terça-feira, 2, é feriado de Nossa Senhora de Navegantes em Porto Alegre. Como optaram por emendar o feriado, muitos estabelecimentos já estariam fechados na segunda-feira. Outros se viram obrigados a fechar as portas, entre eles alguns órgãos públicos.