Prefeitura implode prédio da Fábrica da Esperança no Rio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de dois mil moradores de Acari, na zona norte do Rio, assistiram hoje à implosão do prédio onde funcionou, nos anos 90, a Fábrica da Esperança - projeto social que ganhou notoriedade por causa da atuação de seu fundador, o pastor Caio Fábio D´ Araújo Filho. No local, será instalado o Hospital Municipal da Zona Norte, que começa a ser construído em julho. A implosão do prédio de seis andares ocorreu pontualmente às 11 horas e durou apenas alguns segundos. A operação foi organizada pela Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o secretário, Ronaldo Cézar Coelho, a destruição do prédio - comprado do Unibanco pela Prefeitura por R$ 700 mil - foi necessária porque, como ele estava abandonado há alguns anos não poderia servir de base para o novo hospital. "Será um hospital moderno, planejado e, por isso, precisa de um base sólida e nova", disse o secretário. A Fábrica da Esperança funcionou entre 1995 e 1999. Em 1998, o pastor Caio Fábio, coordenador do projeto, foi acusado de ser o responsável pela divulgação do dossiê Cayman, um relatório cuja autenticidade nunca ficou comprovada. O suposto documento sugeria a existência de uma conta bancária ilegal mantida nas Ilhas Cayman pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e outros membros da cúpula PSDB, entre eles Mário Covas e o atual candidato à Presidência, José Serra. Por causa do episódio, o pastor renunciou à presidência da Fábrica, o que acabou fazendo com que a organização perdesse patrocinadores e parceiros. Caio Fábio também foi acusado de ter negociado privilégios para empresas de instalação de redes de fibra ótica, que teriam sido beneficiadas pela Prefeitura de São Paulo. O hospital que será erguido no local onde funcionou a fábrica custará ao município cerca de R$ 20 milhões e terá 300 leitos, um centro cirúrgico, ambulatório e uma maternidade. Ele terá 28 mil metros quadrados de área construída e será menor apenas do que o Hospital Souza Aguiar, no centro da cidade, a maior unidade hospitalar da Prefeitura. O hospital terá capacidade para atender à população de dez bairros da região - Acari, Pavuna, Coelho Neto, Barros Filho, Costa Barros, Parque Colômbia, Anchieta, Parque Anchieta, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque. A prefeitura escolheu essa região para instalar o hospital porque avalia que lá existe um grande déficit de hospitais e postos de saúde. "Moro aqui desde que nasci e sempre tive que implorar para ser atendida em hospitais distantes. Por isso, hoje estou muito feliz", afirmou a auxiliar de serviços gerais Marineide Barbosa, de 49 anos. "Como os postos de saúde da região não funcionam à noite, é muito comum a gente ter que levar os vizinhos de carro até o centro da cidade de madrugada quando acontece uma emergência", acrescenta o aposentado Floriano Camilo do Nascimento, de 60 anos. Baleado - Meia hora depois da implosão, bombeiros que faziam um trabalho de prevenção na área de Acari socorreram Denilson Verly de Sena, que assistia a operação, levou um tiro na nuca e foi incendiado por pessoas não-identificadas. Os bombeiros ouviram o tiro e foram avisados por curiosos sobre o local exato do crime. Segundo um dos bombeiros que estiveram no local, Denilson ainda tinha chamas no corpo quando a equipe de salvamento chegou. Ele foi levado em estado muito grave, mas ainda com vida, para o Hospital Getúlio Vargas, no subúrbio da Penha.

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