PUBLICIDADE

Prefeitura multa igreja por uso de amianto

Material das telhas do templo é proibido; cobrança será de R$ 16 mil

Por Marcela Spinosa e Vitor Sorano
Atualização:

A Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo multou ontem a Igreja Renascer em Cristo em R$ 16 mil pelo uso de 1.600 telhas de amianto no telhado do templo do Cambuci, na região central. O material é cancerígeno e o seu uso é proibido no Estado há cinco anos. O teto da igreja desabou no dia 18 e, na tragédia, morreram nove mulheres e mais de cem pessoas ficaram feridas. Além da multa, a pasta intimou a Renascer a descartar adequadamente o material que contém amianto e informar à secretaria o destino desse material no prazo de 30 dias. As telhas de amianto devem ser depositadas em um aterro especializado para receber esse tipo de material. Até ontem, a intimação não havia sido entregue. Essa não é a primeira multa aplicada à Renascer por uso de amianto. Na quinta-feira passada, o Ministério do Trabalho e Emprego multou a Igreja em R$ 2 mil. Nesse mesmo dia, a Subprefeitura da Mooca multou a Renascer em R$ 4.780 por não apresentar licença de funcionamento de um galpão na Mooca, zona leste, que seria usado para realização de cultos. A Etersul, empresa contratada para fazer a reforma do telhado e que não tem licença do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) para funcionar, foi multada em R$ 12 mil pelo Ministério do Trabalho, na semana passada, por causa do amianto. A obra, feita em setembro do ano passado, não tinha autorização da Prefeitura. DEMOLIÇÃO E PERÍCIA A perícia criminal que vai indicar as causas do desabamento deve ser concluída em dez dias, informou ontem o perito do Instituto de Criminalística (IC) José Manoel Dias Alves. O prazo é o mesmo em que os funcionários da Diez Demolidora, empresa contratada pela Igreja, devem concluir a demolição. Após quatro dias de trabalho, os funcionários conseguiram nivelar a parede lateral e reduziram de 12 para 6 metros a altura da estrutura. Segundo a Defesa Civil, não há mais risco para as seis casas vizinhas ao templo. Ontem, peritos do IC fotografaram e fizeram um levantamento topográfico do entorno da igreja para anexar à perícia. A equipe é formada por um fotógrafo, dois desenhistas e um perito engenheiro. A partir de hoje, eles devem retirar os restos dos escombros e montar no estacionamento ao lado as 14 tesouras (estrutura que sustenta o telhado). "Vamos separar também outros materiais para chegar à causa do acidente", disse Alves. O resultado deve ser concluído em até 60 dias. JUSTIÇA O Ministério Público Estadual (MPE) informou ontem que vai tomar "as medidas judiciais cabíveis" contra a Renascer em razão de cultos realizados anteontem no Club Homs, na Avenida Paulista. O local foi escolhido para substituir o templo do Cambuci. A Igreja tem um acordo com o MPE, firmado na terça-feira passada, para não fazer eventos em locais sem licença. O clube, segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, não tem alvará. Na sexta, o Homs havia sido multado em R$ 34,5 mil pela falta da autorização. Por cinco dias, sem apresentar a documentação, o clube não poderia receber eventos. Foram aplicadas multas de R$ 1,8 mil em cada um dos cultos da tarde - 15, 17 e 19 horas. A Renascer e o Club Homs foram procurados, mas não se pronunciaram sobre o assunto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.