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Prejuízo de empresas chega a R$ 11,8 milhões

Em 8 meses, furtou-se em fios o equivalente à fiação de 10 Pontes Estaiadas; Prefeitura trocou cobre por alumínio

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy e Renato Machado
Atualização:

Os roubos de fios de cobre estão provocando mudanças nas empresas que trabalham com o material. Os empresários passaram a investir em sistemas de rastreamento para caminhões e câmeras de vigilância e segurança armada para os canteiros de obra. Isso porque, só de janeiro a agosto deste ano, esse crimes deram prejuízo de R$ 11,8 milhões para empresas paulistas. Um balanço do Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos (Sindicel) aponta que foram roubadas nesse período 689,6 toneladas de cobre, mais de dez vezes a quantidade usada na construção da Ponte Estaiada, na zona sul da capital. Os alvos são caminhões que transportam cabos de fios elétrico e cobre no estágio vergalhão - anterior à formação dos fios -, principalmente na Via Dutra e na Régis Bittencourt (BR-116). "As empresas investem em GPS, mas as quadrilhas são tão profissionais que conseguem bloquear os sinais", diz o presidente do Sindicel, Sérgio Aredes. As construtoras também têm registrado aumento nos roubos. Os ataques acontecem geralmente de madrugada e envolvem grupos armados de até 15 homens. "Em um desses, dominaram todo mundo e entraram no canteiro com um caminhão e uma empilhadeira para carregar", diz o segurança Alessandro Gomes, de 30 anos. O empreendimento em que trabalha, um residencial com nove torres na Vila Matilde, zona leste, foi assaltado três vezes neste ano, causando um prejuízo de R$ 500 mil. Por isso, a construtora Tecnum investiu em um complexo sistema de segurança, com câmeras, alarmes sensoriais e seguranças armados. O engenheiro Angelo Pontes conta que, em um dos roubos, os funcionários foram obrigados a carregar os caminhões dos bandidos. Pontes diz ainda que isso obriga a construtora até a repensar custos futuros para a segurança de outras obras. "Logo, aumenta o preço dos imóveis e a população acaba sendo a principal prejudicada." De janeiro a julho deste ano, a Secretaria Municipal de Serviços precisou repor mil quilômetros de cabos elétricos roubados. O prejuízo causado foi de R$ 2,45 milhões, além dos transtornos pela falta de energia elétrica. A reposição dos cabos leva cerca de 15 dias. Um exemplo de dano para a população aconteceu na Avenida Júlio Buono, na Vila Gustavo, zona norte da cidade. Na tarde de terça-feira, foram repostos 81 metros de cabos elétricos que haviam sido roubados e deixaram um quarteirão inteiro sem iluminação por duas semanas. Nesse período, o supermercado O Dia foi assaltado duas vezes. "Não digo que tem relação com a escuridão, mas fica mais difícil ver quem está chegando", diz o gerente Marcelo dos Santos. A Prefeitura até passou a usar material menos "atrativos": trocou os fios de cobre por alumínio. "Não há piora na qualidade do serviço e os ladrões desistem de roubar, porque o alumínio vale um terço do cobre", diz o diretor-geral do Departamento de Iluminação Pública (Ilume), Walter Bellato.

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