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Presa no Rio quadrilha especializada em roubo de remédios

Criminosos desviavam medicamentos de hospitais públicos e privados e revendiam em outros Estados

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma quadrilha especializada em desvio de medicamentos de hospitais públicos e privados e em roubo de cargas de laboratórios e distribuidoras de remédios começou a ser desbaratada pela polícia fluminense. Dois suspeitos foram presos em flagrante, na quinta-feira, com cerca de mil frascos de remédios desviados de um hospital particular na zona oeste da cidade. Outros 10 integrantes do bando foram identificados e devem ser presos nos próximos dias. De acordo com o delegado da polícia Civil, Eduardo Freitas, que investiga os criminosos há dois meses, a quadrilha tem ramificações em São Paulo e Minas Gerais - remédios roubados naqueles Estados são vendidos no Rio e vice-versa. "Essa é uma modalidade de crime terrível. Eles desviam de hospitais públicos e fomentavam a violência nas estradas. Muitos motoristas de caminhões foram mortos para que esses criminosos pudessem repassar os medicamentos por preços até 70% mais baixos", afirmou Freitas. O delegado, titular da 22.ª Delegacia Policial (Penha, zona norte), começou a investigar esse tipo de crime depois que foram registrados 15 casos de roubo de cargas de remédio na Avenida Brasil, em menos de um ano. Descobriu que a quadrilha tem várias frentes de ação. Nos hospitais, funcionários do estoque cooptados pelo bando dão baixa nos medicamentos, como se tivessem sido ministrados aos pacientes, mas desviam os frascos. Parte do bando é especializada em roubo das cargas. Outros, são responsáveis pela receptação tanto dos remédios desviados quanto dos roubados e repassam os produtos para distribuidores pequenos. Estes, por sua vez, revendem os medicamentos para farmácias e hospitais a preços até 70% menores do que os cobrados pelos laboratórios. "Esse esquema tem acontecido há muito tempo e dá prejuízo enorme aos laboratórios e grandes distribuidoras", comentou Freitas. "Dinheiro bobo" Cláudio Máximo Soares, de 53 anos, e Fábio José Barbosa Mattos, de 29 anos, foram presos em flagrante no estacionamento de um shopping, na zona norte da cidade, por volta das 13 horas de quinta-feira. Soares, acusado de ser um dos receptadores da quadrilha, foi seguido entre sua casa, em Jacarepaguá, na zona oeste, e um supermercado. De lá, seguiu para o NorteShopping, onde encontrou Mattos, dono da distribuidora Faldmed, com sede em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A dupla seguiu até uma agência bancária no shopping e depois para o estacionamento. Eles foram presos depois que Soares havia repassado os medicamentos que estavam em seu carro, um Fiesta Sedam 2006, para o Siena de Mattos. Soares não tinha dinheiro com ele e a polícia acredita que tenha sido feita uma transferência entre contas correntes. Será pedido a quebra do sigilo bancário dos dois. Soares repassou para o comparsa cerca de mil frascos de 17 tipos de remédios, entre eles antibióticos, hipertensivos, medicamentos para arteriosclerose, insuficiência cardíaca, meningite. Alguns eram antibióticos caros, de última geração, de uso restrito para hospitais. Soares e Mattos foram acusados de receptação de mercadoria roubada (1 a 4 anos de prisão) e porte de medicamento de procedência ignorada (10 a 15 anos). Ambos já foram presos anteriormente e já respondem a processo pelas mesmas acusações. Na delegacia, Soares minimizou seu crime. "A gente fez coisa errada e reconheceu isso na hora da prisão. Mas a gente não é assassino, não é animal. A gente faz por necessidade. É um dinheiro bobo, coisa de R$ 1 mil, R$ 2 mil". Mattos não se manifestou.

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