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Presidenciável do PT prepara divulgação de 'carta-compromisso'

Por Bastidores: Vera Rosa
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Nada de taxação das grandes fortunas nem de controle social dos meios de comunicação. A campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência vai divulgar um texto enxuto, no estilo "carta-compromisso", com temas de consenso entre os aliados, dias antes da estreia do horário político na TV, em 17 de agosto.É uma estratégia sob medida para causar impacto. Não se trata de uma Carta ao Povo Brasileiro, como ficou conhecido o documento divulgado pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em junho de 2002, para acalmar o mercado. Pontos polêmicos, no entanto, como a defesa da descriminalização do aborto e do combate ao monopólio dos meios eletrônicos, ficarão de fora."Vão sair do papel, mas estão na cabeça das pessoas", afirmou ao Estado o coordenador do programa de governo, Marco Aurélio Garcia. "Para mim não há nada polêmico. Isso tudo é bobagem."Na prática, o PT optou por um texto curto e genérico para evitar mais controvérsias. Serão lançados, depois, cadernos setoriais sobre os temas considerados mais relevantes, como "saúde", "educação" e "meio ambiente"."O documento anterior acabou provocando desgaste desnecessário", disse o ex-ministro Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, numa referência ao primeiro programa de governo registrado pelo PT no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com pontos que deram o que falar.Eram as famosas "diretrizes", aprovadas no 4.º Congresso do PT, em fevereiro. Intitulada "A Grande Transformação", a plataforma continha propostas que se baseavam na terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos, como a realização de audiência prévia para a reintegração de áreas invadidas por sem-terra. Confusão armada, toda a polêmica foi "lipoaspirada" e o PT substituiu o texto enviado ao TSE.A nova "carta-compromisso" terá fisionomia mais amena. A ideia é dar formato bem light à pregação do Estado forte para que o PSDB não carimbe em Dilma o rótulo de estatizante. Até o PSB, que insistiu na taxação das grandes fortunas, acabou se rendendo. "Vai ser um programa que não necessariamente reflete o pensamento do PSB, mas que o PSB não se sente mal em assiná-lo", resumiu Amaral. "Essas questões sem consenso devem ser tratadas pelo Congresso."Vice de Dilma, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), terá agora papel mais ativo na campanha. A missão de Temer será percorrer Estados onde o PMDB está fragmentado e, pior, apoiando o candidato do PSDB, José Serra. São Paulo, Pernambuco e Mato Grosso do Sul estão na sua mira. Tudo para convencer o latifúndio peemedebista a se unir em torno de Dilma.

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