24 de agosto de 2010 | 00h00
Não se trata de um favor do presidente para Mercadante. É estratégia pura. São Paulo é o maior colégio eleitoral do País com 30,3 milhões de eleitores e permanece sendo um reduto onde os tucanos reinam absolutos há 16 anos.
Na prática, essa hegemonia do PSDB caminha para se manter em São Paulo. As pesquisas de intenção de voto apontam para a possibilidade de vitória do candidato tucano Geraldo Alckmin já no primeiro turno, com o petista aparecendo muito atrás, em segundo lugar.
Lula e os petistas avaliam que, apesar desse cenário, existe terreno para a candidatura de Mercadante avançar no Estado. Acreditam que, se a alta popularidade do presidente foi suficiente para tirar Dilma de um quase anonimato político para a liderança das pesquisas, essa transferência de votos também pode se reproduzir na campanha para o governo paulista.
Apesar do plano, a realidade das últimas eleições em São Paulo tem sido extremamente dura com Lula e o PT. Se a vantagem de Alckmin se confirmar nas urnas, o presidente terminará sua passagem pelo governo sem conseguir derrubar o muro político erguido pela oposição em São Paulo, incluindo também a capital do Estado.
Quando se elegeu presidente em 2002, Lula viu o mesmo Alckmin se eleger governador. Dois anos depois, José Serra bateu os petistas e chegou à prefeitura de capital.
Em 2006, o mesmo Serra chegou ao governo e ainda se tornou o maior fiador político da vitória de Gilberto Kassab, do aliado DEM, na disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2008.
Lula sabe que nova vitória da oposição em São Paulo dará oxigênio para os adversários mesmo que sejam derrotados na sucessão nacional.
Por isso, a estratégia para ajudar Mercadante inclui o desembarque do presidente e de seus ministros no Estado e o apoio paralelo a candidatos de partidos aliados, como Paulo Skaf, do PSB.
A lógica é que, se outros candidatos melhorarem, aumentam as chances de segundo turno. E, assim, a disputa estaria novamente aberta em São Paulo.
É JORNALISTA DO "ESTADO"
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