PUBLICIDADE

Preso acusado de vender doações a vítimas das cheias em SC

Empresário levava as roupas da prefeitura de Ilhota até uma cidade vizinha e revendia cada peça por R$ 1

Por Júlio Castro e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Cerca de 330 mil peças de roupas e alimentos, que foram doados às vítimas das chuvas em Santa Catarina, foram apreendidos em um galpão de Rio Negrinho. O empresário e dono do brechó Ismael Evelson Ratzkob, de 37 anos, foi preso em flagrante. Em depoimento, ele informou à polícia que pegava os produtos em Ilhota, uma das cidades mais atingidas pelo desastre, e levava para um depósito particular onde vendia peças para a população por até R$ 1. Ismael teve prisão temporária decretada pela Justiça.

 

PUBLICIDADE

"Isso nos causa uma grande indignação. Pessoas inescrupulosas se aproveitando das boas intenções de quem doou e da desgraça alheia para proveito próprio é revoltante. A polícia já abriu inquérito para que se identifiquem os culpados", comentou o secretário de Justiça e Cidadania de Santa Catarina Justiniano Pedroso.

 

O diretor estadual de Defesa Civil, major Márcio Luz Alves defende que os culpados sejam punidos exemplarmente. "A polícia tem que saber qualificar este tipo de crime. Infelizmente, em situações de desastre e caos, a gente não consegue identificar quem é ou não honesto", ponderou o oficial.

 

A Polícia Civil de Rio Negrinho, através do inquérito, vai apurar se houve participação de funcionários da prefeitura de Ilhota na liberação das doações. Segundo o delegado da cidade, Procópio Batista Neto, poderá ocorrer o indiciamento de outras pessoas por corrupção, crimes tributáveis e falsidade ideológica. Entre os suspeitos do desvio de donativos, estão alguns funcionários públicos.

 

Depoimento

 

O acusado declarou que buscava o material em um galpão da Prefeitura de Ilhota. Foram pelo menos 10 viagens feitas com um caminhão para transportar os produtos até Rio Negrinho. Acrescentou que o material era liberado pelos próprios funcionários da Prefeitura.

 

"Não vejo qualquer problema em revender. É sobra da enchente. Estas roupas e alimentos seriam enterrados ou jogados no lixo", afirmou à polícia Ismael Ratzkob, acrescentando que tem documentos que comprovam a origem dos produtos, a Prefeitura da Ilhota.

Publicidade

 

Em nota oficial, o prefeito de Ilhota Ademar Felisky informou que até a manhã desta terça desconhecia o fato e que todas as providências estão sendo tomadas para apurar a denúncia através de um inquérito administrativo.

 

Texto ampliado às 17h08 para acréscimo de informações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.