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Preso jantava na casa de delegado no Paraná

Por Agencia Estado
Atualização:

O delegado-chefe da 16ª Subdivisão Policial em Campo Mourão, a 460 quilômetros de Curitiba, no noroeste do Paraná, Roberval Butaccini, está sendo investigado pelo Ministério Público e pela Corregedoria da Polícia Civil, por ter levado para jantar em sua casa o advogado Roberto Teixeira Duarte, que está preso há 90 dias sob acusação de extorsão mediante seqüestro. Afastado do cargo pela Secretaria de Segurança Pública, ele alega que o preso estava sob sua responsabilidade. "Em momento algum saiu do meu raio de visão", justificou. A promotora substituta Ana Paula Martins Cesconetto disse que, na noite do dia 26 de outubro, recebeu uma denúncia anônima de que o preso não estaria na delegacia, onde ocupava uma sala improvisada como cela, por ter curso superior. Ela foi até lá e constatou a ausência. O policial que estava de plantão ligou, então, para o delegado, que retornou em companhia de Duarte. "O fato houve", disse a promotora. "Foi instaurado um procedimento administrativo na área criminal para saber se houve caracterização de um crime, e também foi enviado um ofício para a Promotoria do Patrimônio Público, para averiguar se houve improbidade administrativa." A promotora também pediu a remoção do advogado para o 11º Batalhão de Polícia Militar, em Campo Mourão, onde três policiais envolvidos no mesmo caso de extorsão estão presos. Ela determinou ainda a busca e apreensão de telefones celulares que estavam com os acusados. A Secretaria de Segurança Pública tomou conhecimento hoje do caso. Butaccini foi afastado para responder a processo administrativo. Ele disse que pedirá licença prêmio e férias durante esse período. O delegado alegou que sempre teve amizade com o advogado, com o qual jogava bola. "Agora que ele está aqui a amizade aumentou ainda mais", disse. No dia 26, ele ficou até tarde na delegacia, fazendo alguns flagrantes. Depois ligou para casa e disse que estava levando Duarte para jantar. Segundo ele, meia hora após ter saído recebeu a ligação do policial e retornou. "Eu sei que ele é preso e estava sob minha responsabilidade", alegou. "Eu o escoltava." O delegado-adjunto Lindomar Alves Júnior responderá pela delegacia, enquanto Butaccini estiver sob investigação.

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