Preso na capital um dos maiores hackers do País

De acordo com a Polícia Civil, analista de sistemas recriava sites de bancos e desenvolvia programa com vírus para ?infectar? computadores

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Por José Dacauaziliquá
Atualização:

O analista de sistemas Anderson Carlos Ferreira, de 21 anos, foi preso anteontem à tarde no Jardim Três Estrelas, zona sul da capital, acusado pela polícia de ser um dos maiores hackers do País. Ele recriava com perfeição as páginas dos principais bancos brasileiros e desenvolvia programas com vírus para "infectar" o computador da vítima e, assim, desviar dinheiro e fazer compras pela internet. Com o analista de sistemas foram presos três comparsas. Entre eles, o irmão do hacker, Alisson Passos Ferreira, de 18 anos. Também acabaram detidos os primos Anderson Ribeiro Santana, de 18 anos, e Alexandre Sbilutti Santana, de 21. Os três apenas exerciam funções secundárias no esquema de fraude, como, por exemplo, receber a mercadoria "comprada". A investigação começou a ser realizada há dois meses pela Delegacia de Meios Eletrônicos (DME), subordinada ao Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Os policiais apreenderam na casa de Anderson Carlos um computador, um notebook e o livro A Arte de Hackear Pessoas. O analista de sistemas era o mentor da quadrilha. Ele desenhava as páginas dos bancos, criava as armadilhas, capturava e armazenava os dados das vítimas. Para aumentar o know-how, Anderson Carlos chegava a participar de chats (salas de bate-papo) com outros hackers. Com os dados da vítima, o analista de sistemas realizava compras em sites. Depois, realizava o pagamento do boleto para que o pedido fosse liberado. Os outros três integrantes da quadrilha iam para os endereços determinados e apanhavam a mercadoria. Em geral, eram notebooks e celulares. "Os criminosos se aproveitam das falhas de logística dessas lojas virtuais, uma vez que não há muita burocracia", disse o delegado da DME, José Mariano de Araújo Filho. Outra forma que os criminosos encontraram para ganhar dinheiro fácil foi por meio do pagamento de faturas e boletos. "A pessoa tinha uma fatura de cartão de crédito no valor de R$ 5 mil e a quadrilha cobrava uns R$ 1 mil para quitar. De que jeito? O analista de sistemas entrava na conta de uma vítima e efetuava o pagamento", disse Araújo Filho. A polícia ainda não tem como estimar o montante de dinheiro desviado pela quadrilha. Anderson Carlos teve o cuidado de armazenar os dados das vítimas e as movimentações financeiras num provedor de internet. Prova disso é que há poucas informações disponíveis nos computadores apreendidos pelos policiais. As informações de vítimas que foram encontradas nessas máquinas estavam sendo utilizadas pelo hacker no momento em que os investigadores entraram em sua casa. "Ficamos impressionados em encontrar um jovem, de origem humilde, e com tamanha capacidade para manipular programas complexos de informática", disse o delegado.

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