Preso não reconhece fotos de agentes da PF suspeitos de homícídio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Márcio Gomes, um dos presos que teria sido espancado na carceragem da Superitendência da Polícia Federal do Rio no dia 7 de setembro, quando o auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu foi morto, não reconheceu nesta quarta-feira, através de fotografias, os agentes que teriam cometido o crime. O delegado Paulo Iung foi ao Hospital Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio, onde Gomes está preso, e lhe mostrou cerca de mil fotos de funcionários da PF. Iung esteve no hospital acompanhado da procuradora da República Lisiane Braecher e do advogado dos presos, César Ferraro. Nesta terça-feira, as mesmas fotos foram levadas a Samuel Cerqueira, que foi preso junto com Gomes e Abreu, sob acusação de matar, a tiros, o agente federal Gustavo Frederico Mayer Moreira. Cerqueira, que está detido no presídio Ary Franco, na zona norte, reconheceu quatro policiais, entre eles um delegado, como autores das agressões que levaram o auxiliar de cozinha à morte ? este entrou na carceragem andando e saiu em coma, com traumatismo craniano. Dois dos policiais reconhecidos, no entanto, não faziam parte da equipe de 19 pessoas que estavam de plantão em 7 de setembro, segundo informou nesta quarta-feira o advogado Wanderley Rebelo, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que acompanha o caso. A identidade dos suspeitos não foi divulgada pela assessoria de imprensa da PF. O advogado dos presos acredita que o grande número de fotos dificulta a identificação dos policiais. ?Se houver condição de reconhecimento, será pessoalmente?, disse César Ferraro. Nesta quarta-feira, também foram ouvidos na Superintendência da PF três agentes que podem ter participado da sessão de espancamento. A PF não divulgou o conteúdo dos depoimentos. Segundo o registro feito no dia do crime, quem matou Abreu foi Márcio Gomes, durante uma briga na carceragem. Gomes afirma, no entanto, que cada um dos três estava numa cela. E ele não teria condições de lutar com Abreu, já que estava ferido. Nesta quinta-feira, 14 deputados que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Tortura da Câmara dos Deputados devem ir à Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) para ouvir Márcio Gomes, Samuel Cerqueira, o superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, os 19 agentes que trabalhavam no dia do crime e o advogado da família do auxiliar de cozinha.

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