Preso no Rio suposto assassino da estudante Gabriela

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Por Agencia Estado
Atualização:

Foi preso nesta quarta-feira um assaltante que teria matado a estudante Gabriela do Prado Ribeiro, de 14 anos, durante assalto à estação de metrô São Francisco Xavier, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, ocorrido nesta terça-feira. Ele foi reconhecido por duas pessoas. Cinco bandidos que conseguiram fugir estão sendo procurados pela polícia. Durante a despedida a Gabriela, que reuniu cerca de 150 colegas de escola e familiares nesta quarta à tarde no Crematório do Caju, a família se disse ?derrotada? pela violência. O assaltante Anderson de Souza Oliveira, de 22 anos, baleado no braço esquerdo durante o assalto, foi localizado horas depois do crime no Hospital Miguel Couto, no Leblon. Ele foi reconhecido nesta quarta por uma testemunha e por Luiz Carlos da Costa Carvalho Neto, um dos policiais que ficaram feridos no tiroteio. A testemunha é o empresário Luiz Paulo de Lemos, de 21 anos, que estava com Carvalho. Lemos disse que o policial trocou tiros com Oliveira na escada, onde também estava Gabriela. Ele afirmou que a adolescente foi morta pelo assaltante. ?O Anderson veio atirando em nossa direção. Ele estava abordando as pessoas na escada e falou para Luiz Carlos: ?Não se coça, não. Perdeu??, disse, nesta quarta, na delegacia da Tijuca. Gabriela levou um tiro no peito e morreu antes de chegar ao hospital. Um exame ainda vai definir de qual arma partiu a bala. As imagens do circuito interno do metrô, gravadas dentro da estação e divulgadas nesta quarta, mostram o momento em que outro policial, Renato Lemos Naiff ? que é de Brasília e está no Rio em férias ? foi ferido, perto da bilheteria. Ele já teve alta. A arma dele e de Carvalho foram roubadas. Dois bandidos fugiram pelos trilhos do metrô e chegaram à rua pelo sistema de ventilação. Outros dois escaparam pela escada. E um quinto assaltante estaria dando cobertura do lado de fora. O roubo rendeu R$ 700. A polícia desconfia de que pelo menos mais uma pessoa esteja envolvida, já que a fuga teria sido num Astra roubado perto dali, de acordo com testemunhas. A estudante pegaria o metrô sozinha pela primeira vez. Encontraria a mãe na estação seguinte, para ir fazer compras. Durante o velório, os colegas do colégio PH, onde ela cursava o 1º ano do ensino médio, choravam muito e exibiam no braço o apelido ?Gabi?, escrito à caneta. Muito abalado, o pai da garota, o psicólogo Carlos Ribeiro, de 45 anos, lamentou o fato de ela não ter tido chance de defesa. ?Instruía muito a Gabriela nesse negócio de andar sozinha. Todas as amigas dela já tinham liberdade. Nós tolhíamos ela. Estava começando a soltá-la devagar para ver o que acontecia. E aconteceu o que aconteceu, sem chance nenhuma para ela.? O engenheiro Fernando Valente, tio de Gabriela, disse que a menina tinha sido assaltada na semana passada e pedira aos ladrões que levassem apenas sua mochila, deixando os livros da escola. Valente disse ainda que a prisão de um dos assaltantes do metrô não alivia a dor da família. ?A gente espera que o governo ganhe a guerra contra a violência, porque nossa família já perdeu. Nossa família está derrotada. A perda da Gabriela é irreversível.? Ao fim da cerimônia, Valente mostrou uma foto recente da sobrinha, em que ela aparece fazendo com as mãos o símbolo da campanha ?Sou da paz?. Renata Giordano de Menezes, diretora do PH, onde Gabriela estudava desde a 5ª série, disse que ela ?era uma menina muito feliz, alegre e cativante, querida tanto pelos colegas quanto por nós.? ?A gente notava no dia-a-dia que os pais tinham cuidado com ela, como qualquer pai, ainda mais sendo filha única. Agora vivemos um momento de reflexão. Cada aluno vai digerir de forma diferente.? Como os colegas de Gabriela estavam em choque com a notícia de sua morte, não houve aulas nesta quarta para a turma. O policial Carvalho, ferido no ombro direito e na coxa esquerda, está internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D?Or. Sua condição é estável. A governadora Rosinha Matheus (PSB) disse que os dois policiais não tinham alternativa a não ser atirar. ?Aconteceu o tiroteio, não era o desejo da polícia. Mas se o bandido puxa a arma e quer fazer alguma coisa com alguém ali dentro, a polícia tem que reagir.? Ela disse que a polícia age ?com rigor, mas sempre dentro da lei?.

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