Preso saía toda 6ª de hospital

Achado em Hospital Psiquiátrico de Franco da Rocha, ele confessou informalmente ter assassinado irmãos

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Por Rodrigo Pereira e Josmar Jozino
Atualização:

Detido desde setembro de 2006, Ademir Oliveira do Rosário, de 36 anos, admitiu ontem à polícia, em conversas informais, ter matado os irmãos Josenildo José Ferreira de Oliveira, de 13 anos, e Francisco Ferreira de Oliveira Neto, de 14, na Serra da Cantareira, no sábado. Ele foi encontrado pelos policiais na ala de desinternação progressiva do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Franco da Rocha. Também confessou outros crimes sexuais. Rosário teve a prisão preventiva decretada por 30 dias pelo assassinato dos irmãos. ''''Ele tem antecedente por homicídio (em 1991) e atentado violento ao pudor (em 1998)'''', afirmou a delegada Cintia Tucunduva, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo ela, o criminoso agia sozinho e intimidava as vítimas ao simular ter uma arma na cintura. ''''Ele saiu da cadeia na sexta-feira, conforme o estipulado (no regime semi-aberto). Na segunda-feira, retornou ao presídio.'''' Durante o processo por homicídio, a Justiça considerou que Rosário oferecia risco à sociedade e, por isso, optou pela internação psiquiátrica. A psicóloga Odete Maria Vieira Lanzotti, de 53 anos, que fundou o Hospital Psiquiátrico 2 e se aposentou em 2005, disse que os internos da desinternação progressiva podem sair pelas imediações acompanhados de seguranças, trabalhar fora e até passar dias em casa, com a família, como ocorria com Rosário. Ela disse que essas saídas só são autorizadas após avaliação técnica de psicólogo, psiquiatra, assistente social, enfermeiro e seguranças. ''''É um trabalho multidisciplinar.'''' De acordo com o delegado do DHPP Raul Machado Tilcher, que também acompanha o caso, há fortes indícios de que Rosário cometeu vários ''''crimes sexuais'''' na região - mas ele descartou, por ora, outros assassinatos. O ntem à tarde, o depoimento de uma mãe no 72º Distrito levantou mais suspeitas contra Rosário. Ela contou ao delegado José Bella que, em 25 de agosto, seus dois filhos adolescentes foram brincar na mata da Cantareira com três amigos. Os adolescentes foram amarrados em árvores e abusados sexualmente. Rosário já havia sido denunciado por outros três adolescentes que escaparam de um ataque no sábado. O caso de Rosário traz de volta a discussão sobre laudos psiquiátricos de acusados de crimes. O criminoso apelidado de Champinha, hoje com 20 anos, que em 2003 matou o casal Liana Friedenbach e Felipe Caffé, teve avaliações diferentes sobre a sanidade mental em dois laudos, do Hospital das Clínicas (que o julgou são) e do Instituto Médico-Legal (que o considera perigoso). Ele segue na Unidade Experimental de Saúde da Fundação Casa, na Vila Maria, zona norte, por determinação judicial.

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