PUBLICIDADE

Presos continuam rebelados em Bangu 3

Por Agencia Estado
Atualização:

Os 881 detentos do presídio de segurança máxima Bangu 3, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, se rebelaram, no fim da tarde desta quarta-feira, e fizeram, pelo menos, 26 pessoas como reféns, entre agentes penitenciários, funcionários administrativos, assistentes sociais e professores. Um dos presos estaria gravemente ferido, mas, até às 22h30 desta quarta-feira, a Polícia Militar não havia confirmado a informação. Os amotinados ocuparam praticamente toda a penitenciária, logo depois de uma tentativa frustrada de fuga em massa. O local foi isolado por mais de 200 policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope), de Choque, e do 14º Batalhão da PM (Bangu), além do Grupamento Especial Tático Móvel (Getam). A rebelião começou por volta das 17 horas, após o fim do horário de visitas. Os presos chegaram a trocar tiros com carcereiros e policiais. Três explosões foram ouvidas no interior da unidade. Para evitar a invasão do presídio por policiais militares, eles colocaram vários reféns sob a mira de armas. Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Secretaria de Direitos Humanos e Sistema Penitenciário, Josias Alves Bello, os detentos estavam armados com metralhadores, granadas, pistolas e estoques (facas rudimentares feitas de madeira) em grande quantidade. O sindicalista atribuiu a entrada de armas em Bangu 3, onde estão presos de alta periculosidade, ao baixo efetivo de agentes penitenciários. No momento da tentativa de fuga, apenas 13 homens faziam a segurança do presídio, dos quais só três estavam armados, na portaria da unidade. De acordo com Bello, o ideal seriam 25 agentes. Bello disse que 10 agentes penitenciários, três professores, uma assistente social e 12 prestadores de serviço formam o grupo feito refém pelos amotinados. Às 20 horas, o secretário estadual de Direitos Humanos e do Sistema Penitenciário, João Luiz Pinaud, chegou ao local, a pedido dos presos, que se recusavam a negociar qualquer rendição com o diretor-geral do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe), Manoel Pedro da Silva. Apesar da presença de Pinaud, o impasse continuava até às 22h30. Bello disse que a possibilidade de uma rebelião em Bangu 3 havia sido comunicada ao diretor-geral do Desipe, num ofício enviado no dia 3 de setembro. Ele disse também que, há cinco meses, as celas do presídio estão sem grades, desde que os presos as arrancaram em uma outra rebelião. ?Recebemos essa informação (de que haveria a rebelião) dos próprios presos, e há dois meses informamos ao diretor do Desipe. Ele disse que tomaria providências?, disse. ?É muito falho o sistema de segurança.? Segundo o sindicalista, a unidade carcerária também não tem detectores de metal. ?As revistas deveriam ser feitas de 15 em 15 dias, mas hoje elas acontecem apenas uma vez por mês?, denunciou. Irmã da professora Sônia Maria Jacomo, provavelmente uma das reféns dos presos rebelados em Bangu 3, a advogada Zélia Jacomo chegou ao local, depois de ouvir pelo rádio a informação sobre a rebelião em Bangu 3. ?Estou muito preocupada. Pedi informações e me disseram para procurar o comandante do 14º Batalhão da PM?, disse. Segundo a advogada, Sônia trabalha há um ano no presídio, dando aulas de disciplinas integradas do ensino fundamental para os detentos. A professora é casada e tem três filhos. Uma de suas filhas, que não quis se identificar, também acompanhou as negociações com o rebelados. ?É um trabalho de que ela gosta e nunca reclamou?, disse Zélia sobre a irmã.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.