Presos cortaram cabelo de menina para disfarçar

Em depoimento, jovem contou que só tinha sossego às quintas, dias de visita, e usou preservativos

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Por Bruno Paes Manso
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A garota L., que passou 15 dias em uma mesma cela com 20 presos , está em Belém, capital do Pará, em um local mantido em sigilo pelo Conselho Tutelar e pela Justiça. Na quarta-feira, 21, ela prestou depoimento sobre a situação em que foi mantida na cadeia. O Estado teve acesso a parte das declarações.   Veja também: Jovem pode ter sido presa para garantir sexo a detentos no Pará Promotor defende MP no caso de moça presa no PA OAB do Pará critica MP e Justiça por prisão de moça   No telefonema que deu para a mãe, L. revelou que os presos cortaram o seu cabelo para que ela se parecesse mais com um homem e fosse mais difícil a sua localização junto aos presos . A jovem relata ainda que o assédio sexual virou norma e somente nos dias de visita íntima - às quintas-feiras, quando as mulheres dos presos tnham autorização para entrar na cadeia - era que "ficava tranqüila".   Segundo ela, os presos batiam nela a todo momento e queimaram parte da sola de seu pé e seus dedos para intimidá-la. Como havia resistência por parte dela, os detidos passaram a usar a possibilidade de conseguir sexo como "moeda de troca". "Como pode haver pessoas capazes de exigir que uma menina faça programa na prisão em troca de comida? Isso mostra como anda crítica a situação da Justiça na nossa cidade", afirmou a mãe de L., a cozinheira Francicléia Félix Alves, de 44 anos. "Eu fazia programa em troca de comida, para não ficar com fome. Mas acho que não estou grávida; eu usava preservativo", relatou à mãe.   Conforme os relatos da família, a jovem começou a morar nas ruas depois que o avô morreu. "Não quis saber de mais nada", afirmou L., em depoimento à polícia. Depois do que ocorreu, ela pensa em retomar o vínculo com a família. "Quero voltar para a casa do meu pai", disse em seu depoimento à Justiça.   Polêmica   Ainda há dúvidas sobre a idade de L. Três datas de nascimento são analisadas. Na quarta-feira, a mãe mostrou um documento de 10 de dezembro de 1991. Já o pai biológico apresentou uma certidão com data de 23 de abril de 1987, segundo a polícia. E há ainda outra certidão, de 26 de agosto de 1991.   Segundo a TV Globo, o Cartório de Bacarena (onde ela foi registrada) divulgou que a primeira data, fornecida pela mãe, é a verdadeira e oficial.

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