Presos de alta periculosidade serão transferidos para o Piauí

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Por Agencia Estado
Atualização:

Presos de alta periculosidade de todo o País serão transferidos para o Piauí dentro de 40 dias. A informação foi dada hoje pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em depoimento na Câmara dos Deputados. Ele anunciou que um dos presídios de Teresina passará para o controle da União e será reformado para que se torne de segurança máxima, nos moldes da penitenciária de Presidente Bernardes, onde está o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Thomaz Bastos afirmou que o acordo foi feito entre a União e o governador Wellington Dias (PT), no início da semana, depois que diversos Estados se recusaram a receber detentos perigosos, que hoje estão presos principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo e Acre. O ministro também anunciou que em pelo menos quatro locais - Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo - serão construídos novos presídios federais. Atualmente, apenas em Rio Branco (AC) existe um cadeia pública federal, onde estão os ex-deputado Hildebrando Pascoal e 35 de seus aliados, além do coronel Walter Ferreira, acusado de ser o principal líder do crime organizado no Espírito Santo e mandante do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em Vitória. Segundo Thomaz Bastos, o governo ainda não concluiu o projeto do novo presídio, mas irá transformá-lo em um modelo nacional, nos moldes do de Presidente Bernardes. O diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Angelo Roncalli ainda não foi informado sobre a decisão da criação da penitenciária em Teresina, que terá quatro pavilhões com 65 presos, totalizando 260 vagas. "Temos uma crise terrível se segurança, principalmente na cadeias. Os governadores estão nos pedindo a retirada de presos perigosos de suas penitenciárias", afirmou Thomaz Bastos, durante o depoimento, que durou mais de mais de quatro horas, nas comissões de Constituição e Justiça e de Segurança Pública da Câmara. "Nos últimos anos, o Ministério da Justiça trabalhou nesta área como uma tesouraria, apenas transferindo recursos para os Estados", acrescentou o ministro. Ele voltou a criticar o governo Fernando Henrique Cardoso no tocante à área de Segurança Pública. Mesmo assim, o ministro afirmou que toda a responsabilidade pela Segurança Pública é do governo Lula, que já começou a atuar em pelo menos 18 Estados. "O nosso programa não é um milagre, algo que não possa ser modificado com o passar dos tempos, mas é muito bom", garantiu Thomaz Bastos. "Mas estamos vivendo um momento excepcional, onde o crime organizado está desafiando as instituições", ressaltou, dando como causa principal a má distribuição de renda do País, que não melhora há 40 anos. O ministro recorreu a uma máxima do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), utilizada em um encontro de mulheres, ainda durante o regime militar. "Não podemos esperar 40 anos para termos orgasmos. E eu digo: não podemos esperar 40 anos para acabar com o crime." Beira-Mar Thomaz Bastos não quis comentar o destino de Fernandinho Beira-Mar, mas foi irônico ao responder a uma pergunta do deputado Reginaldo Germano (PFL-BA), que apresentou dados do Serviço de Inteligência da Polícia Militar do Rio, segundo os quais o traficante controla hoje 80% do tráfico de drogas do Estado. Segundo Germano, ele teria se unido à organização criminosa "Amigos dos Amigos". "Só se ele (Beira-Mar) estiver controlando o tráfico por telepatia", disse o ministro. A transferência de Beira-Mar para o Piauí também é incerta. Apesar de ressaltar que os grandes bandidos brasileiros irão para o Estado, Thomaz Bastos não confirmou que se entre eles estariam o traficante fluminense, cuja permanência em São Paulo é repelida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Para o ministro, Beira-Mar deverá deixar a penitenciária de Presidente Bernardes antes mesmo do prazo de 30 dias, estipulado por Alckmin. "Quem sabe ele já não estará transferido", afirmou Thomaz Bastos. "Ficaremos com crédito com o governador", acrescentou, referindo-se à possibilidade de Fernandinho deixar o Estado. Veja o especial:

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