Presos de Bangu 3 queriam explodir muro para fugir

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Por Agencia Estado
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Os presos de Bangu 3 pretendiam explodir o muro dos fundos do presídio para fugir. Segundo o Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe), eles estavam com explosivos e detonadores e tinham ainda fuzis e pistolas. Houve tiroteio e cinco pessoas - um agente e quatro presos - ficaram feridas, mas sem gravidade. A rebelião durou mais de doze horas. Terminou quando os dois agentes penitenciários que eram mantidos reféns foram libertados, por volta das 10 horas. A governadora Benedita da Silva (PT) disse que tinha sido alertada sobre um plano de fuga em massa em Bangu 3 no dia 2 de outubro. O agente Márcio Grandini, do Serviço de Operações Exteriores (SOE) do Desipe, chegava a Bangu 3 no momento da tentativa de fuga, às 21h30 de ontem, e contou que cinco picapes com bandidos armados davam cobertura aos presos. Os criminosos chegaram pela parte de trás do presídio, na Favela do Catiri, onde fica uma área conhecida como lixão. Os veículos transportariam os fugitivos. "Eles trocavam tiros conosco para que os outros explodissem o muro", disse Grandini. O comandante da PM, coronel Francisco Braz, reconheceu que houve uma falha na segurança da região. Enquanto a polícia enfrentava os bandidos do lado de fora, os amotinados saíram das celas, tomaram uma das galerias e fizeram os agentes de reféns. As negociações começaram na noite de terça-feira, foram paralisadas de madrugada e retomadas hoje de manhã. A segurança no presídio foi reforçada por 122 PMs. Bangu 3 tem hoje 890 detentos, número menor do que sua capacidade, de 960. Ônibus Por volta das 23h30, um dos dois ônibus da Viação São Silvestre que levavam moradores arregimentados por traficantes no Morro da Providência chegou ao presídio. Para o secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, os moradores foram usados pelos traficantes para atrapalhar o trabalho da polícia. "Essa é uma tática do tráfico. As pessoas são usadas para dificultar a ação da polícia", afirmou. Com os rebelados, foram apreendidos dois revólveres, cinco pistolas, três fuzis AR-15, duas granadas, 10 carregadores de metralhadora, 313 cartuchos de balas de diferentes calibres, um coquetel Molotov e cinco quilos de explosivos de coloração verde-escura. A governadora admitiu que o material entrou com a conivência de agentes penitenciários. Benedita disse que, depois que o serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública soube que estava sendo preparada a fuga e que haveria um túnel onde armas estariam armazenadas, a segurança no presídio foi reforçada. Escavadeiras passaram a perfurar o local, em busca do túnel. Nada foi encontrado, e os buracos foram inundados, para dificultar a saída dos presos. "Todo mundo conhece a fragilidade do sistema (penitenciário). Agora, estou dando combate a isso. Só abrindo buracos poderíamos encontrar o túnel com armas, e nunca ninguém fez isso antes", afirmou Benedita. Em janeiro do ano passado, a polícia descobriu um túnel que estava sendo cavado na direção de Bangu 3, com 80 metros de extensão, 1,70 metro de altura, 90 centímetros de largura e seis metros de profundidade, e seria usado numa fuga em massa. O túnel tinha boa infra-estrutura e era todo em concreto. Começava numa casa da Favela do Catiri e chegaria a Bangu 3 e a Bangu 1. A governadora Benedita da Silva informou ainda que enviou hoje um ofício ao Ministério da Justiça solicitando recursos para a instalação dos bloqueadores de celular dos presídios de Bangu 2, 3 e 4. Já está instalada a antena que impede os sinais de telefonia móvel em Bangu 1. Ela também disse que já pediu reforço federal para o segundo turno das eleições, como já havia feito em 6 de outubro.

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