Os presos Cláudio José de Souza, o Claudinho da Mineira, e Carlos Brás Victor, o Fioti, assumiram a autoria das mortes de três dos quatro detentos executados durante a rebelião de Bangu 1, na última quarta-feira. Em depoimentos tomados dentro do presídio para o inquérito da 34ª Delegacia de Polícia (Bangu), que apura os culpados pelos homicídios, os dois afirmaram ter assassinado Carlos Alberto da Costa, o Robertinho do Adeus, Wanderlei Soares, o Orelha, e Elpídio Rodrigues Sabino, o Robô. De acordo com o delegado Leonílson Ribeiro, que preside a investigação, o traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, foi morto pelo inimigo Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP. Todos os mortos pertenciam à facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), rival do Comando Vermelho, liderado por Luis Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e por Marcinho VP. O delegado não afasta a possibilidade de os presos terem sido coagidos a assumir a culpa pelas mortes com o objetivo de inocentar os verdadeiros responsáveis. Essa prática é comum em presídios, e normalmente é imposta a prisioneiros que tenham dívidas com outros ou que tenham menos respeito com os companheiros de cadeia. Os bodes expiatórios são conhecidos no meio prisional como ?robôs?. O secretário de Justiça do Estado do Rio, Paulo Saboya, disse hoje ter informações de que Marcinho VP foi o principal líder do motim da semana passada. Ele afirmou também que ?tudo leva a crer? que a corrupção de agentes do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe) teria possibilitado a entrada de armas na penitenciária de Bangu 1. Uma vistoria havia sido feita pelo Serviço de Operações Especiais (SOE) na sexta-feira anterior à rebelião ? ocorrida na quarta-feira ?, e nenhuma arma havia sido achada. Após a rebelião, pelo menos duas pistolas foram encontradas com os presos. Os amotinados ainda roubaram uma escopeta e duas pistolas que faziam parte do arsenal do presídio. O secretário lamentou a exoneração do diretor-geral do Desipe, Edson de Oliveira Rocha Junior, o Zanata, pela governadora Benedita da Silva. Para ele, a decisão era desnecessária. O procurador-geral de Justiça do Rio, José Muiños Piñeiro, afirmou hoje, em nota, que nenhum promotor ou juiz do Estado lhe informou estar sendo vítima de ameaças de morte.