Tratados agora como suspeitos de envolvimento na morte da turista alemã naturalizada italiana Jennifer Marion Nadja Kloker, de 22 anos, seu marido, Pablo Tonelli, de 22 anos, e seu sogro, Ferdinando Tonelli, 45, foram presos na manhã de ontem (23), no Recife. A prisão temporária - por até 30 dias - foi determinada pela juíza do município metropolitano de São Lourenço da Mata, Marinez Marques Viana. A polícia trabalha com as hipóteses de crime passional e envolvimento com tráfico de drogas, embora ainda não descarte a versão de latrocínio - roubo seguido de morte - dada pela família.
O diretor de operações da polícia civil, Osvaldo Moraes, limitou-se, em entrevista, a afirmar haver "indícios suficientes" para os pedidos de prisão, sem divulgar nenhum detalhe. Segundo ele, a prisão visa a evitar a "produção de contraprovas e álibis" (pelos dois) na medida em que a imprensa tem divulgado informações sobre as investigações. Eles foram presos na residência de uma tia de Pablo, no bairro de Afogados, e não resistiram à prisão. Ocupam celas separadas na sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro da Imbiribeira.
De acordo com a polícia, Ferdinando adotou o pernambucano Pablo, na Itália, há cinco anos. Nesta mesma época Jennifer teria se naturalizado italiana. Este também é o tempo do relacionamento de Pablo e Jennifer, que seria conturbado. Em junho do ano passado, ele foi alvo de queixa policial, na Itália, onde moravam, por agressão à mulher. Eles tem um filho de dois anos.
Ferdinando tem um relacionamento amoroso com a mãe de Pablo, Delma Freire de Medeiros, que depois da morte da nora sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), foi hospitalizada, mas já se encontra em casa. O pedido de prisão temporária não se estendeu a ela, por "ausência de indícios", de acordo com Osvaldo Moraes.
O corpo de Jennifer foi encontrado na madrugada da quarta-feira de cinzas (17) às margens da BR-408, na divisa com São Lourenço da Mata, com quatro tiros no tórax. Na versão da família, Pablo, Jennifer e os sogros ocupavam um Gol alugado e teriam ido ao Terminal Integrado e Passageiros, na noite da terça-feira de carnaval (16) para se informar sobre passagens para João Pessoa. Logo depois foram abordados por dois homens armados em uma moto. Um deles entrou no carro e os obrigou a seguir o comparsa até um local deserto. Roubaram celulares e dinheiro e os deixaram a pé.
Jennifer teria se desesperado e gritado por socorro e por isso, levada pelos bandidos. O carro foi deixado próximo à delegacia do município. Era munido de um GPS, que indicou um percurso diferente do fornecido pela família. O prazo para a conclusão das investigações é 16 de março.
O corpo de Jennifer, que não sofreu qualquer tipo de violência sexual, se encontra no Instituto de Medicina Legal (IML), à espera de parentes alemães que decidirão onde enterrá-lo. O advogado de Pablo e Ferdinando Tonelli, Célio Avelino, antecipou que hoje (24) deverá entrar com pedido de habeas corpus para libertar seus clientes.