Presos rebelados fazem reféns no Rio

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Por Agencia Estado
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Pelo menos cinco agentes penitenciários, segundo a Polícia Militar, foram feitos reféns por detentos da Casa de Custódia Muniz Sodré, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, após uma tentativa de fuga frustrada. Em entrevista por telefone celular à Agência Estado, um dos presos disse que há pelo menos 20 agentes em poder dos presidiários. O diretor da unidade, identificado apenas como Arlindo, teria sido ferido durante o levante dos presos. O diretor do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe), coronel Reginaldo Alves de Pinho seguiu para a Casa de Custódia, mas até as 23 horas as negociações para libertação dos presos não haviam sido iniciadas. De acordo com informações da Polícia Militar, cinco agentes foram dominados pelos presos do Pavilhão A, por volta das 20h30. Eles vestiram os uniformes dos guardas penitenciários e tentaram fugir pela porta da frente da Casa de Custódia. Policiais Militares do 14º Batalhão (Bangu), que fazem a guarda do lado de fora da unidade, perceberam a manobra dos presos e impediram a fuga. Os detentos, armados com pistolas e revólveres, voltaram então para as galerias e passaram a ameaçar os reféns. ?A gente quer que tire os alemão daqui?, afirmou um dos presos, ligado ao Comando Vermelho, referindo-se aos adversários do Terceiro Comando. ?Eles ´taca´ pedra na gente na hora da visita, tira nossas vaga de trabalho. O diretor tem nossos ´reivindicamentos´ há seis meses mas não fez nada?, queixou-se. Antes de as negociações serem iniciadas, um dos reféns recebeu medicamentos. Ele teve uma crise nervosa, mas não foi liberado. O Desipe não havia confirmado as informações até as 23 horas. O coronel Alves chegou a negar que houvesse reféns em poder dos presos, mas o sindicato dos agentes informou que havia seis guardas dominados. ?Eles tentaram uma fuga em massa, mas não conseguiram. Tentaram, então, tomar o diretor da casa, o seu Arlindo, como refém. Também não conseguiram. Houve troca de tiros e o diretor se jogou no chão para não ser atingido pelas balas. Ele chegou a machucar a mão esquerda na queda?, relatou o secretário geral do sindicato, Moacir Fernandez. Ele disse que a situação dos reféns é ?tensa?. Fernandez criticou a política do Desipe de não punir os presos que se rebelam e lembrou que o ex-diretor do órgão Manoel Pedro da Silva abandonou o cargo há um mês, depois de um levante no Presídio de Água Santa. ?Ele desistiu por falta de apoio da Secretaria de Direitos Humanos?, afirmou o líder sindical. A Casa de Custódia abriga 1.100 presos a espera de julgamento. A unidade está cercada por cerca de 60 homens do 14º BPM, do Batalhão de Choque e do Grupamento Tático Móvel (Getam).

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