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Prisão de cego acusado de acariciar PM choca Juiz de Fora

A vítima, que estava de farda, revólver e cassetete, deu voz de prisão e algemou o suposto agressor. Populares que passavam pelo local repudiaram a ação e hostilizaram a policial com vaias e palavrões

Por Agencia Estado
Atualização:

Há 35 anos vendendo coador de café numa das principais esquinas de Juiz de Fora, o ambulante Augusto Santana Ferreira, 77 anos, portador de deficiência visual, foi detido, na última quarta-feira, 22, acusado de ter acariciado uma policial militar. A vítima, que estava de farda, revólver e cassetete, deu voz de prisão e algemou o suposto agressor. Populares que passavam pelo local repudiaram a ação e hostilizaram a policial com vaias e palavrões. A situação só foi controlada com a chegada do Grupamento de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar. Para dispersar a multidão, os policiais usaram spray de pimenta, atingindo uma criança de oito anos e um repórter. Os envolvidos foram conduzidos à 7ª Delegacia Regional de Polícia Civil para prestar esclarecimentos. De acordo com o delegado de plantão, Hermes da Fonseca, o deficiente negou a acusação e foi liberado. O caso, registrado como importunação ofensiva ao pudor, foi encaminhado ao Juizado Criminal Especial. Conforme testemunho de outros ambulantes próximos ao local, o que ocorreu foi um esbarrão acidental. Câmara O episódio acabou chegando à Câmara Municipal de Juiz de Fora. Os vereadores Isauro Calais (PMN) e Francisco Canalli (PMN) solicitaram uma retratação do comandante da Polícia Militar, coronel Gilmar Simões de Lima. Também foi encaminhado à Mesa Diretora um pedido de homenagem ao vendedor. "A homenagem não vai pagar o que ele sofreu, mas é uma forma de apoiá-lo e mostrar nossa indignação", disse Canalli. Os comerciantes do centro da cidade manifestaram repúdio à ação da polícia por meio de documento entregue à 4ª Região da Polícia Militar. A Associação dos Cegos de Juiz de Fora e o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência impetraram ação junto ao Ministério Público estadual. "Vamos até as últimas conseqüências. Queremos uma punição para esse ato e uma explicação consistente da Polícia Militar", afirmou o conselheiro responsável pelo caso, Marcos de Paiva Nunes. Para a entidade, o que aconteceu pode ser caracterizado como abuso de poder e desrespeito aos Direitos Humanos.

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